20/11/2009

Memórias podem ser reforçadas enquanto dormimos

Redação do Diário da Saúde
Memórias podem ser reforçadas enquanto dormimos
Mesmo durante o sono mais profundo, nossa mente não se desliga por completo e é de fato possível consolidar e reforçar nossas memórias de forma dirigida enquanto dormimos.
[Imagem: Wikimedia/Produnis]

Reforçando a memória

Mesmo durante o sono mais profundo, nossa mente não se desliga por completo e é de fato possível consolidar e reforçar nossas memórias de forma dirigida enquanto dormimos.

Esta é a descoberta surpreendente feita por cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e que está sendo publicada hoje na prestigiada revista Science.

"A pesquisa sugere fortemente que nós não desligamos nossas mentes durante o sono profundo," explica o Dr. John Rudoy, professor de neurociências e um dos autores do estudo. "Ao contrário, o sono profundo é um momento importante para consolidarmos nossas memórias."

Melhorando o aprendizado

A pesquisa demonstrou que sons emitidos durante os períodos de sono profundo chegam ao cérebro e melhoram as memórias associadas depois que a pessoa acorda.

Os 25 sons apresentados durante o sono dos voluntários eram lembretes associados com uma aprendizagem espacial prévia. Nenhuns deles revelou lembrança consciente dos sons depois que acordaram, mas os sons alteraram sua capacidade de recuperar o aprendizado anterior.

Ao acordar, os testes mostraram que as lembranças da memória espacial tinham mudado. Os participantes foram mais precisos em arrastar um objeto para o local correto na tela do computador para as 25 imagens cujos sons correspondentes foram apresentadas durante o sono (como uma explosão abafada por uma foto de dinamite) do que para outros 25 objetos.

Selecionando memórias

Ainda mais significativo, a pesquisa mostrou que os sons podem penetrar na mente durante o sono profundo e serem utilizados para dirigir a recuperação de informações específicas, reforçando a consolidação das memórias em uma direção em detrimento de outra.

"Enquanto dormem, as pessoas podem processar tudo o que aconteceu durante o dia - o que comeram no café da manhã, os shows de televisão que assistiram, qualquer coisa," disse Ken Paller, coordenador do estudo. "Mas nós decidimos quais memórias os nossos voluntários ativariam, orientando-os para reforçar algumas das posições que tinham aprendido uma hora antes de ir dormir."

Processamento da memória durante o sono

O estudo dá um novo impulso a uma área com um número crescente de pesquisas que vem mostrando que as memórias são processadas durante o sono, dando novos fundamentos a uma literatura científica que mostra que o cérebro fica muito ocupado enquanto dormimos.

O cérebro fica repassando informações recentemente adquiridas e integrando-as com outros conhecimentos, em um processo de consolidação ainda misterioso, mas que dá sustentação às nossas memórias quando estamos acordados.

O fato de as memórias serem ou não processadas durante o sono tem sido objeto de controvérsia entre os cientistas, com a maioria das pesquisas sobre o tema focando o REM (Rapid Eye Movement), uma fase do sono caracterizada pelo movimento rápido dos olhos.

Os sonhos dos quais conseguimos nos lembrar mais vividamente ocorrem principalmente durante o sono REM. As pesquisas mais recentes, entretanto, estão focalizando o processamento da memória durante o sono profundo, mais do que durante o sono REM.

Novas possibilidades

"Nós estamos começando a ver que o sono profundo é realmente um momento chave para o processamento da memória," disse Paller.

Essa comprovação na verdade abre novos caminhos de pesquisa, que poderão focar questões mais intricadas, como saber se é possível aprender coisas novas durante o sono ou apagar memórias indesejadas, geradas por traumas, entre várias outras possibilidades.

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