Raiz contra o câncer
Estudos realizados na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP revelaram uma grande atividade no combate a células de tumores cancerígenos por extratos da planta Pfaffia paniculata, conhecido como ginseng brasileiro.
Recentemente, um outro estudo demonstrou que o ginseng brasileiro é um anti-inflamatório natural.
Os estudos, realizados em animais e em experimentos in vitro, foram feitos pela equipe pela equipe da professora Maria Lúcia Zaidan Dagli, que vem realizando uma série pesquisas com a raiz da planta.
Testes em humanos
"Mas para que algum produto com finalidade terapêutica chegue até o mercado, ainda será necessário realizar uma série de estudos. Por hora, o que as nossas pesquisas conseguiram comprovar é que, nos ensaios laboratoriais com animais e in vitro, a planta se mostrou eficaz para combater células tumorais", conta a professora.
Ela destaca que é necessário fazer testes clínicos em humanos para comprovar estes resultados. "Outro ponto a ressaltar é que pesquisas utilizando a raiz Pfaffia paniculata em humanos não podem ser feitas na FMVZ e deverão ser realizadas por unidades que tenha autorização dos conselhos de ética para isso", pondera.
Lesões tumorais
Desde 2000, já foram produzidas sete pesquisas com o ginseng brasileiro. Em todos esses estudos ficou comprovada alguma atividade inibitória da raiz no combate a células tumorais.
O estudo mais recente foi realizado pela bióloga Tereza Cristina da Silva. Em sua tese de doutorado, a pesquisadora testou o uso do ginseng brasileiro misturando a raiz em pó processada com ração para camundongos, na proporção de 2% e 10% do peso da ração.
Os camundongos usados neste estudo receberam, do 15º ao 30º dia de vida, a injeção de um carcinógeno, isto é, uma droga que provoca lesões no DNA do fígado. "Com o próprio crescimento dos animais, essas lesões pré-neoplásicas (tumorais) podem se tornar ou não tumores malignos", explica Tereza.
Os roedores receberam a ração contendo Pfaffia paniculata durante 27 semanas. Após este período, eles foram eutanasiados e os fígados foram analisados.
Diminuição da morte celular
A pesquisadora constatou que a raiz foi capaz de diminuir a área e o número de lesões pré-neoplásicas no fígado desses camundongos. Tereza também verificou o modo de ação da Pfaffia paniculata na inibição do crescimento das células neoplásicas. De acordo com a pesquisadora, a planta agiu diminuindo a proliferação celular e induzindo a apoptose (morte celular programada) das células pré-neoplásicas.
Outro achado deste estudo foi constatar em qual fase do ciclo celular ocorreu a ação do ginseng brasileiro. "É por meio do ciclo celular que a célula se prolifera. O estudo mostrou que a planta age entre a fase "G1" e "S" do ciclo celular. Na fase "G1", a célula se prepara para proliferar; na fase "S", é quando acontece a síntese do DNA", explica Tereza. "A Pfaffia paniculata reduziu a concentração das proteínas CDK e das ciclinas que são essenciais para a progressão do ciclo celular", completa.
Extrato butanólico
Há ainda um outro estudo de doutorado em andamento, de autoria da médica veterinária Márcia Kazumi Nagumine. No mestrado, Márcia realizou estudos in vitro com células humanas de câncer de mama.
O extrato butanólico de Pfaffia paniculata apresentou um efeito citotóxico, matando as células cancerígenas. "Agora, no doutorado, a ideia é desenvolver um produto terapêutico com a base nesse extrato para uso em cães", conta Márcia.
Estudo de plantas medicinais
De acordo com a professora Maria Lúcia, o interesse em estudar a Pfaffia paniculata surgiu por volta do ano 2000, quando ela realizava seu pós-doutorado na França. Lá, ela teve contato com pesquisas envolvendo o Panax ginseng, conhecido como "ginseng coreano", uma raiz usada como estimulante.
De volta ao Brasil, a pesquisadora decidiu iniciar os estudos, mas usando a Pfaffia paniculata, pois no País ela é conhecida como "ginseng brasileiro".
"Apesar de os nomes populares serem parecidos a única semelhança entre a Pfaffia paniculata e a Panax ginseng é o fato de serem duas raízes", afirma a professora. Segundo Maria Lúcia, existiam, até então, apenas dois estudos envolvendo a Pfaffia paniculata, sendo que eles haviam sido realizados por pesquisadores do Japão.
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