23/07/2012

Fármaco brasileiro atua contra tuberculose e câncer

Com informações da Agência Fapesp
Fármaco brasileiro atua contra tuberculose e câncer
Testes de laboratório com células humanas, além de experimentos em animais, revelaram que o P-MAPA ativa receptores existentes na membrana celular conhecidos como receptores tipo toll.
[Imagem: Unesp]

Remédio de fungo

Um fármaco desenvolvido no Brasil, chamado P-MAPA, é capaz de ativar receptores do sistema imunológico e favorecer o combate à tuberculose e ao câncer de bexiga.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que o composto tem ação imunomoduladora, ou seja, ele estimula o sistema imunológico a combater diversos tipos de tumores e doenças infecciosas, entre elas malária, leishmaniose visceral e algumas viroses hemorrágicas.

A molécula ativa foi extraída do fungo Aspergillus oryzae pela rede de pesquisa Farmabrasilis. Os resultados foram publicados na revista Infectious Agents and Cancer.

P-MAPA

Esta é a primeira vez que os possíveis mecanismos de ação do P-MAPA foram descritos.

P-MAPA é uma abreviação de agregado polimérico de fosfolinoleato-palmitoleato de magnésio e amônio proteico.

Testes de laboratório com células humanas, além de experimentos em animais, revelaram que o P-MAPA ativa receptores existentes na membrana celular conhecidos como receptores tipo toll.

Além disso, em ratos, a droga modificou a expressão da proteína p-53, possivelmente relacionada à regulação dos receptores.

"Os receptores tipo toll são capazes de reconhecer fragmentos de vírus e bactérias, além de fatores moleculares associados a tumores ou a doenças infecciosas", explicou Wagner José Fávaro, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que desenvolveu o trabalho juntamente com Fábio Rodrigues Ferreira Seiva.

Receptores tipo toll

Os receptores tipo toll podem auxiliar na redução tumoral de duas maneiras: inibindo a formação dos vasos sanguíneos que irrigam a região e recrutando células de defesa para atacar o tumor.

Segundo Fávaro, o P-MAPA atua especificamente sobre os subtipos 2 e 4 dos receptores tipo toll, relacionados ao câncer de bexiga.

"Ainda não se sabe com certeza se a resposta desencadeada por eles é favorável ou desfavorável. Podem atuar como reguladores negativos ou positivos da carcinogênese, mas nossos resultados indicam que a ativação dos receptores auxiliou na regressão do tumor", disse Fávaro.

Nos animais tratados durante o experimento, o efeito do P-MAPA foi comparado com o da vacina BCG (sigla para Bacillus Calmette-Guerin), usada originalmente na prevenção da tuberculose e considerada atualmente a melhor opção para o controle do câncer de bexiga.

Descobriu-se na década de 1970 que a BCG induz uma resposta imune massiva, estimulando a produção de células que atacam o tumor. No experimento, os ratos tratados com a vacina, verificou-se uma redução de 20% a 30% no grau tumoral, mas os animais continuavam a apresentar lesões malignas.

Já no grupo que recebeu o P-MAPA, a redução do grau tumoral foi de 90%. "Os animais deixaram de apresentar lesões malignas e pré-malignas, passando a apresentar apenas lesões inflamatórias", disse Fávaro.

Farmabrasilis

A rede Farmabrasilis, entidade sem fins lucrativos criada em 2001 e constituída por cientistas brasileiros, chilenos, europeus e norte-americanos, também pesquisa outros candidatos a fármacos.

O P-MAPA é o produto em estágio mais avançado de desenvolvimento.

"O próximo passo é tentar provar em testes com seres humanos que a droga pode ser uma opção terapêutica valiosa", disse Iseu Nunes, um dos diretores da rede.

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