09/03/2018

Falta de vitamina D causa síndrome metabólica em mulheres

Com informações da Agência Fapesp

Vitamina D na menopausa

Pesquisadores da UNESP (Universidade Estadual Paulista) descobriram uma forte associação entre a deficiência de vitamina D e a síndrome metabólica - um conjunto de condições que aumentam o risco de doença cardíaca, de acidente vascular cerebral e de diabetes - em mulheres no período de pós-menopausa.

A síndrome metabólica foi detectada em 57,8% das mulheres analisadas com insuficiência (níveis entre 20 e 29 nanogramas por mililitro de sangue) ou deficiência de vitamina D (menor que 20 ng/ml). Para as que tinham vitamina D suficiente (30 ng/ml ou mais), apenas 39,8% apresentavam síndrome metabólica. Estima-se que a síndrome metabólica afete 50% da população na faixa etária de 50 anos.

Em um período de dois anos, foram acompanhadas 463 mulheres entre 45 e 75 anos. Todas as participantes estavam há pelo menos 12 meses na pós-menopausa e sem nenhum problema cardíaco aparente.

"Paralelamente à dosagem da vitamina D no sangue, avaliamos se aquelas mulheres apresentavam parâmetros indicativos de síndrome metabólica. Notamos que, quanto menor o valor sérico [no sangue] da vitamina D, maior foi a ocorrência de síndrome metabólica," disse a Dra. Eliana Aguiar Nahas, uma das autoras do estudo.

Síndrome metabólica

Entre os parâmetros para avaliar se a paciente apresenta síndrome metabólica estão: circunferência da cintura acima de 88 centímetros, hipertensão arterial (acima de 130 por 85 mmHg), nível elevado de açúcar no sangue (glicemia de jejum maior que 100 mg/dL) e níveis anormais de triglicerídeos (acima de 150 mg/dL) e colesterol HDL (abaixo de 50 mg/dL). Mulheres que apresentam pelo menos três desses cinco parâmetros são diagnosticadas com síndrome metabólica.

Estudos anteriores haviam descrito a existência de diversos mecanismos que explicariam o efeito da vitamina D nos componentes de síndrome metabólica. A explicação mais plausível para essa relação seria a influência da vitamina D na secreção e sensibilidade da insulina, hormônio secretado no pâncreas que tem importante papel na síndrome metabólica.

"O receptor de vitamina D é expresso em células pancreáticas secretoras de insulina e em tecidos-alvo periféricos, como músculo esquelético e tecido adiposo. A deficiência de vitamina D pode comprometer a capacidade das células de converter a pró-insulina em insulina", escreveram os pesquisadores, ressaltando que mais estudos serão necessários para confirmar essas hipóteses.

Vitamina D e câncer de mama

Os mesmos pesquisadores também analisaram a relação entre a deficiência de vitamina D e o câncer de mama em mulheres na pós-menopausa: Mulheres com insuficiência ou deficiência de vitamina D tiveram uma maior proporção de tumores com grau avançado ou metastático.

"Reconhecidamente, a vitamina D é importante para a massa óssea, principalmente para ajudar a absorver o cálcio para o osso. Agora, estamos estudando os efeitos extraósseos da vitamina D no sistema cardiovascular e na mama, que são os dois focos do nosso estudo atual. Nos últimos anos, a associação entre a deficiência da vitamina D com inflamação e doenças cardiometabólicas foi proposta. No entanto, ainda faltam informações sobre a associação entre vitamina D e marcadores cardioinflamatórios na população em geral," disse Eliana.

Ela explica que o envelhecimento é um fator importante para a baixa de vitamina D. "Quando nos expomos ao sol, existe uma pré-vitamina D no tecido adiposo, embaixo da pele. Porém, quando envelhecemos perdemos não apenas massa muscular, mas ocorrem alterações na composição corporal e perdemos também essa pré-vitamina. Por isso, normalmente, mesmo que o idoso se exponha ao sol, produz menos vitamina D," disse.

Infelizmente, diversos estudos têm alertado sobre a ineficácia dos suplementos de vitamina D em várias situações, além do que o exagero no uso de protetores solares diminui a produção de vitamina D na população em geral.

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