26/04/2023

Direitos humanos continuam importantes para quem precisa deles

Redação do Diário da Saúde
Direitos humanos continuam importantes para quem precisa deles
Uma queda na empatia e na compaixão por parte dos mais ricos talvez explique a perda de interesse nos direitos humanos nas regiões mais desenvolvidas.
[Imagem: Alexa/Pixabay]

Direitos humanos importam

A onda de populismo e de governos de extrema-direita que assolou o mundo nos últimos anos fez com que pesquisadores temessem não apenas por retrocessos no campo dos direitos humanos, mas pelo perda de importância do próprio conceito.

Não foi exatamente isto o que aconteceu, ao menos se considerarmos o interesse no tema expresso nas pesquisas feitas no Google.

Dados de todo o mundo mostram que os direitos humanos são mais populares no Hemisfério Sul, e que pessoas em países como Guatemala e Uganda pesquisam na internet informações sobre direitos humanos com muito mais frequência do que pessoas em países como os Estados Unidos ou Reino Unido.

"Acreditamos que estes resultados contestam seriamente o trabalho crítico recente sobre direitos humanos, que afirma que o discurso não ressoa mais entre as populações oprimidas ou desprivilegiadas do mundo. Na verdade, ressoa sim. As pessoas no Sul Global ainda desejam muito os direitos humanos e estão muito interessadas neles," afirmam Chris Fariss (Universidade de Michigan) e Geoff Dancy (Universidade de Toronto).

Os críticos dizem que a abordagem baseada em direitos humanos, definida pelas Nações Unidas como uma "estrutura conceitual para o processo de desenvolvimento humano normativamente baseada em padrões internacionais de direitos humanos", não seria mais útil para pessoas que lutam para promover mudanças em seus países ou comunidades.

"Existem vários argumentos diferentes sobre o interesse nos direitos humanos, mas todos os diferentes argumentos fazem suposições sobre o interesse e a agência do indivíduo, sem realmente avaliar essas suposições empiricamente," disse Fariss, argumentando que as pesquisas do Google, ao contrário, mostram o interesse dia a dia, semana por semana.

É importante para quem precisa

Quase universalmente, escrevem os pesquisadores, o interesse pelos direitos humanos é mais pronunciado em países do Sul Global. Em inglês, as três populações que mais pesquisam "direitos humanos" estão na Zâmbia, Zimbábue e Uganda. Em espanhol, os principais buscadores são Guatemala, El Salvador, Honduras e México.

"Uma alegação é que os direitos humanos não são tão populares quanto outros conceitos políticos", disse Fariss. "Mas [a expressão] é pesquisada tanto ou mais do que guerra civil, terrorismo, segurança nacional e direito à alimentação. É muito mais pesquisado do que a Anistia Internacional. E as pessoas que procuram a Anistia Internacional tendem a estar no Norte Global."

Os resultados também mostram algo bastante significativo sobre a importância dos direitos humanos, principalmente para aqueles que mais precisam deles.

"Os direitos humanos não estão indo embora, ou pelo menos a linguagem dos direitos humanos não está deixando de existir," disse Dancy. "Ainda é o vocabulário predominante para desafiar a violência governamental."

Checagem com artigo científico:

Artigo: The Global Resonance of Human Rights: What Google Trends Can Tell Us
Autores: Geoff Dancy, Christopher J. Fariss
Publicação: American Political Science Review
DOI: 10.1017/S0003055423000199
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