Felicidade a longo prazo
Uma nova pesquisa, realizada em 37 países, ricos e pobres, ex-comunistas e capitalistas, mostrou resultados incrivelmente consistentes: o aumento da renda não garante a felicidade a longo prazo.
Richard Easterlin é considerado o fundador das pesquisas sobre a ligação entre felicidade e renda. Ao longo de vários anos, pesquisas com variadas metodologias e em múltiplos países têm pesquisado se o dinheiro traz felicidade, e os resultados quase sempre são os mesmos.
Isso levou à criação do termo "Paradoxo de Easterlin", referindo-se à dissociação entre renda e bem-estar no longo prazo.
Paradoxo da felicidade-renda
O novo estudo, que será publicado no exemplar de Dezembro da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, analisou a relação entre a felicidade e a renda em cada país por 22 anos em média.
"Este artigo refuta afirmações recentes de que haveria uma relação positiva de longo prazo entre a felicidade e a renda, quando, na verdade, a relação é nula," garante Easterlin.
"Em termos simples, o paradoxo da felicidade-renda é isso: em um ponto no tempo, tanto entre países quanto dentro deles, a felicidade e a renda estão positivamente correlacionados. Mas, ao longo do tempo, a felicidade não aumenta com o aumento da renda de um país," explica o pesquisador.
Três Cs
"Com a renda aumentando tão rapidamente em alguns países, parece extraordinário que nenhuma pesquisa registre uma melhoria acentuada no bem-estar subjetivo que os economistas e formuladores de políticas em todo o mundo esperam encontrar," disse Easterlin.
Ele cita os casos do Chile, China e Coreia do Sul, três países onde a renda per capita dobrou em menos de 20 anos.
No entanto, durante esse período, a China e o Chile tiveram até um pequeno declínio no bem-estar subjetivo relatado pela população.
A Coreia do Sul inicialmente mostrou um leve aumento da felicidade no início da década de 1980. Mas em quatro pesquisas realizadas entre 1990 e 2005, a satisfação com a vida diminuiu ligeiramente.
O caminho para a felicidade
"Onde é que isto vai nos levar? Se o crescimento econômico não é o principal caminho para uma maior felicidade, então qual é esse caminho?" pergunta Easterlin.
"Pode ser que precisemos focar mais diretamente sobre os interesses pessoais urgentes, relacionados a coisas como a saúde e a vida familiar, em vez de sobre o mero acúmulo de bens materiais," propõe ele.
Veja outras pesquisas já publicadas no Diário da Saúde sobre a relação entre dinheiro e felicidade:
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