12/12/2013

Demência: ciência e medicina não sabem o que fazer

Com informações da BBC

O termo demência é usado para descrever quadros médicos em que ocorre a perda - temporária ou permanente - das capacidades cognitivas de um indivíduo.

Há múltiplas causas, entre elas disfunções metabólicas, infecções, desnutrição ou doenças degenerativas como o Mal de Alzheimer.

Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde em 2012, o Brasil é o nono país do mundo com o maior número de casos, com 1 milhão de pacientes com demência.

Nesta semana, representantes do G8 - as oito maiores economias do planeta, grupo do qual o Brasil não faz parte - se reunirão em Londres para discutir formas de lidar com o problema.

O governo britânico, que ocupa a presidência rotativa do G8, anunciou que está dobrando a verba dedicada à pesquisa sobre demência para o equivalente a mais de R$ 500 milhões até 2015.

Sem remédios

O que mais incomoda é que a ciência e a medicina não têm nenhuma ferramenta para ajudar quem tem ou quem se preocupa em evitar ter demência no futuro.

Por exemplo, você quer cortar radicalmente suas chances de desenvolver câncer de pulmão? Não fume.

Quer evitar um ataque cardíaco? Faça exercícios e adote uma dieta saudável.

Mas se quiser evitar demência, não há respostas definitivas.

E, uma vez com a doença, não há remédios capazes de interromper nem desacelerar o progresso de qualquer forma de demência.

Havia muita esperança em duas drogas para tratar o Mal de Alzheimer - Solanezumab e Bapineuzumab - mas elas fracassaram nos testes.

Os experimentos sugerem, no entanto, que existe uma pequena chance de que a droga Solanezumab surta efeito em pacientes em estágios bem iniciais da doença. Uma nova série de testes está sendo feita em pacientes com demência moderada.

Há medicamentos capazes de aumentar as sinalizações químicas entre as células do cérebro que sobreviveram, mas o mais recente medicamento desse tipo, Memantine, foi aprovado nos Estados Unidos há mais de 10 anos, um fracasso desconcertante levando em conta os bilhões de dólares investidos em pesquisas na área nas últimas décadas.

Falta de resultados

A idade é o maior fator de risco para a demência. Na Grã-Bretanha, por exemplo, uma em cada três pessoas com idade acima de 95 anos tem demência.

Assim, embora alcançar a cura seja obviamente o sonho de todos, retardar a evolução da demência já traria um impacto gigantesco - os cálculos indicam que atrasar em cinco anos o desenvolvimento da doença já cortaria pela metade o número de pessoas vivendo com demência.

No caso específico do Alzheimer, os cientistas começam a se incomodar com a falta de resultados da teoria mais aceita, envolvendo as placas de proteínas beta-amiloides e estão à procura de novas teorias que expliquem melhor a realidade - o que os tornará capazes de lidar com essa realidade.

Hoje já são fortes as suspeitas de que o Alzheimer não seja uma doença só do cérebro e, mais recentemente, começaram estudos para checar a possibilidade de que o Alzheimer possa ser um estágio final do diabetes tipo 2.

De forma um tanto surpreendente, mesmo se tratando de uma doença da mente, as especialidades que lidam com o mental, como a psicologia, por exemplo, têm pouco a oferecer como alternativa ao dogma da medicina moderna de ater-se ao estritamente biológico.

"Mal não vai fazer"

Enquanto os estudos prosseguem, os especialistas insistem nas recomendações para manter estilos de vida saudáveis.

O geriatra Peter Passmore, da Universidade Queens (Irlanda do Norte), afirma que o melhor conselho até agora é: "Manter o coração saudável para evitar danos ao cérebro. Evite a obesidade, não fume, faça exercícios regularmente, controle a pressão sanguínea, o açúcar e o colesterol."

Afinal, completa ele, "isso tem poucas chances de fazer mal e pode até fazer bem!"

De fato, há indícios de que exercícios regulares e dieta saudável tenham efeitos positivos em prevenir ou retardar o desenvolvimento da demência.

Mas ainda não se sabe com clareza de que forma o histórico familiar, o estilo de vida e o meio ambiente se combinam para que um indivíduo tenha ou não demência.

Enquanto isso Doug Brown, da Alzheimer's Society, disse que talvez um dos campos mais fáceis de pesquisa sobre demência seja o estudo de como cuidar dos pacientes.

"Podemos fazer muitos estudos sobre a assistência e os cuidados que oferecemos às pessoas com demência hoje para que vivem da melhor forma possível," recomenda ele.

O que é demência?

O termo é usado para descrever cerca de cem doenças degenerativas que levam à morte, em grande escala, de células do cérebro.

São afetados a memória, linguagem, agilidade mental, compreensão e juízo do paciente.

A forma mais comum de demência é o Mal de Alzheimer, responsável por 62% dos casos de demência.

A condição do paciente tende a piorar com o tempo, até que ele fique completamente dependente de cuidados.

Não há cura.

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