28/01/2010

Bromélias não são focos de vetores da dengue, garantem cientistas

Redação do Diário da Saúde
Bromélias não são focos de vetores da dengue, garantem cientistas
Os mosquitos da dengue apenas raramente são encontrados nas bromélias, que não devem assim ser consideradas um problema para o controle da doença.
[Imagem: IOC/Ensp]

Dengue e bromélias

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro concluíram que as plantas popularmente conhecidas como bromélias não são, como se imaginava, microhabitats importantes para o desenvolvimento de mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus, dois dos principais vetores da dengue no Brasil.

Para o estudo, foram capturados, durante quase um ano, aproximadamente 3 mil espécimes de mosquitos encontrados em 120 bromélias pertencentes a dez diferentes espécies da planta no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

O espaço fica a menos de 200 metros de moradias do bairro da Gávea, área endêmica da doença no Estado do Rio de Janeiro.

Bromélias são inocentes

"Bromélias são plantas ornamentais populares e comumente usadas em jardins públicos e privados. A abundância desse tipo de plantas onde a dengue é endêmica tem sido usada para difundir que esse tipo de planta é uma ameaça para o controle da dengue", comentam os pesquisadores em artigo publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

"Os resultados da coleta demonstraram que as espécies nativas de mosquitos Culex e Wyeomuia são os culicídeos mais abundantes e o Aedes aegypti e o Aedes albopictus são raramente encontrados nessas plantas, que não devem assim ser consideradas um problema para o controle da dengue".

Competição entre fêmeas

As bromélias verificadas foram expostas a chuvas e não foram tratadas com nenhum tipo de inseticida durante a pesquisa e nem nos dez meses anteriores.

Do total de mosquitos capturados, 77,2% eram do gênero Culex e 21,4% do Wyeomuia. Somente duas larvas de Aedes aegypti (0,07% do total de mosquitos) e cinco de Aedes albopictus foram coletadas (0,18%), o que sugere não serem essas duas espécies bons competidores em relação aos outros mosquitos habitantes naturais de bromélias ou que as fêmeas dessas espécies preferem não depositar seus ovos nesses locais.

Os pesquisadores ainda alertam que, por contraste, formas imaturas de Aedes aegypti foram encontradas recipientes artificiais 5% das casas da vizinhança.

Mosquitos de bromélias

"Nossa hipótese é que as espécies de Aedes aegypti encontradas ocasionalmente em bromélias podem estar correlacionadas a altos níveis de infestação na área, sendo, assim, resultado de uma competição acirrada por habitats de oviposição", afirmam os pesquisadores.

"De qualquer forma, é necessário investigar a fauna de mosquitos encontrada em bromélias mantidas em ambientes domésticos (casas e quintais) devido ao fato de essas plantas serem populares em áreas consideradas endêmicas para dengue," concluem eles.

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