25/11/2010

Anestésico pode aumentar tendência ao suicídio

Meike Drieben

Ziconotida

O agente ativo ziconotida (ziconotide), a toxina sintética do caracol cone (Conus magus), foi aclamada pela comunidade médica como uma alternativa segura à morfina, quando foi introduzido, há seis anos.

Agora, há cada vez mais suspeitas de que ele possa levar pacientes a cometerem suicídio.

A equipe do Dr. Christoph Maier, da Universidade Ruhr, na Alemanha, acredita que a ziconotida não suprime apenas a transmissão do estímulo doloroso, mas também deteriora o estado de espírito do paciente e pode, simultaneamente, reduzir a ansiedade e o controle dos impulsos.

Esses mecanismos podem promover tendências suicidas em pacientes vulneráveis.

Os cientistas recomendam assim um diagnóstico cuidadoso e o acompanhamento da condição psíquica dos pacientes tratados com analgésicos à base de ziconotida.

Eles publicaram suas conclusões no periódico Medical Journal Pain.

Analgésico e suicídio

A ziconotida tem inúmeras vantagens, incluindo o fato de que ela não tem nenhum dos efeitos colaterais geralmente associados com os opioides, como depressão respiratória (asfixia).

Além disso, o componente não leva ao desenvolvimento de tolerância.

Ele está no mercado desde 2004, sendo administrado a pacientes com bomba intratecal quando os opioides não se mostram suficientes ou desencadeiam efeitos colaterais inaceitáveis.

Recentemente, contudo, o número de relatos sobre os efeitos colaterais psíquicos da ziconotida aumentou.

Os pesquisadores alemães analisaram numerosos estudos, registrando um número crescente de tentativas de suicídio, as quais os autores dos estudos originais não haviam atribuído ao tratamento com a ziconotida.

Os especialistas insistem que as empresas farmacêuticas e as autoridades de saúde devem urgentemente investigar os casos novamente.

Uso da ziconotida

Segundo eles, doravante, todos os pacientes deveriam ser analisados para possíveis distúrbios psíquicos antes do início de tratamentos à base de ziconotida e serem monitorados de perto, independentemente do alívio da dor devido à droga.

Os médicos afirmam que os casos mencionados ressaltam o fato de que um aumento no tratamento da dor quando as drogas-padrão falham nem sempre é o modo correto de ação.

Segundo o Dr. Maier, muitas vezes este é exatamente o caminho errado.

Esta mesma conclusão já havia sido apontada algumas semanas antes, no Congresso da Federação Alemã Terapeutas da Dor.

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