Eternos adolescentes
Psicólogos britânicos especializados no tratamento de jovens estão decidindo que a adolescência vai até os 25 anos.
"A ideia de que de repente aos 18 anos você é adulto não parece real," defende a psicóloga infantil Laverne Antrobus. "Na minha experiência com jovens eu percebi que, mesmo depois dos 18 anos, eles ainda precisam de muito apoio e ajuda."
Assim, a adolescência passaria a ter três fases - a adolescência inicial, que vai dos 12 aos 14 anos; a adolescência intermediária, dos 15 aos 17 anos; e a adolescência final, que iria dos 18 anos para cima.
Os defensores da adolescência estendida usam estudos das neurociências para embasar a ampliação da idade dos seus clientes.
O desenvolvimento cognitivo não possui uma data limite, e segue durante o início da fase adulta.
A Dra. Antrobus afirma também que "alguns adolescentes podem querer ficar mais tempo com suas famílias" porque eles precisam de mais apoio durante esses anos de formação, e que é importante que os pais percebam que nem todos os jovens se desenvolvem no mesmo ritmo.
Mas a proposta está longe de ser um consenso entre os especialistas.
Jovens infantilizados
Há algum indício de que poderíamos estar criando uma nação de jovens que relutam em deixar a adolescência para trás?
Programas de televisão estão repletos desses estereótipos de jovens adultos que não querem assumir as responsabilidades da vida adulta.
E há aqueles personagens que querem romper com seus pais ou responsáveis autoritários e superprotetores e virar adultos, mas têm dificuldade em cortar os laços familiares.
Frank Furedi, professor de sociologia na Universidade de Kent, diz que temos jovens infantilizados e que isso levou a um número crescente de homens e mulheres que aos vinte e poucos anos ainda vivem em casa.
"Questões econômicas são normalmente usadas como desculpa, mas na verdade não é esse o real motivo", disse Furedi. "Há uma perda da aspiração por independência e um medo de viver sozinho. Na época em que fui para a faculdade, ser visto com os pais significava uma morte social, enquanto que hoje é uma norma."
"Então temos hoje esse tipo de mudança cultural que significa, basicamente, que a adolescência se estende em seus vinte e tantos anos, e que isso pode prejudicar você de várias maneiras. Eu acho que o que a psicologia faz é, inadvertidamente, reforçar esse tipo de passividade, impotência e imaturidade e normaliza essa situação."
Furedi diz que essa cultura infantilizada intensificou a sensação de "dependência passiva" que pode dificultar as relações adultas.
"Há um crescente número de adultos que estão assistindo filmes infantis no cinema," disse Furedi. "Se analisarmos os canais infantis de televisão nos Estados Unidos, veremos que 25% da audiência são adultos, e não crianças."
Ele não concorda que o mundo moderno seja mais difícil para os jovens viverem.
"Eu não acho que o mundo tenha se tornado mais cruel, mas a questão é que temos protegido demais as nossas crianças desde cedo. Quando elas têm 11, 12, 13 anos, não as deixamos sair sozinhas. Quando elas têm 14, 15 anos, nos metemos tanto na vida deles que os privamos de uma experiência de vida real. Tratamos estudantes de universidade da mesma maneira que tratávamos alunos de escola, e é esse tipo de efeito cumulativo de infantilização que eu acho ser o responsável por isso," conclui.
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