19/02/2019

Veneno de vespa brasileira pode virar antibiótico potente

Redação do Diário da Saúde
Veneno de vespa brasileira pode virar antibiótico potente
A Polybia paulista é uma vespa encontrada em regiões dos estados de São Paulo e Minas Gerais. [Imagem: Fabio Seitoku Nagamine/CC BY-SA]

Veneno como antibiótico

O veneno de insetos, como vespas e abelhas, está cheio de compostos que podem matar bactérias.

Infelizmente, muitos desses compostos também são tóxicos para os seres humanos, tornando impossível usá-los diretamente como drogas antibióticas.

A boa notícia é que, depois de realizar um estudo sistemático das propriedades antimicrobianas de uma toxina normalmente encontrada em uma vespa brasileira, uma equipe internacional de pesquisadores criou variantes do peptídeo que são potentes contra as bactérias, mas não são tóxicas para as células humanas.

A professora Vani Oliveira, da Universidade Federal do ABC, faz parte da equipe que desenvolveu o novo fármaco.

Em experimentos com camundongos, os pesquisadores descobriram que o peptídeo consegue eliminar completamente a Pseudomonas aeruginosa, uma cepa de bactérias que causa infecções respiratórias e outras e é resistente à maioria dos antibióticos.

"Nós adaptamos para um uso diferente uma molécula tóxica em uma que é viável para tratar infecções. Ao analisar sistematicamente a estrutura e a função desses peptídeos, conseguimos ajustar suas propriedades e atividades," disse o pesquisador Cesar de la Fuente-Nunez, do MIT (EUA), um dos coordenadores da equipe internacional.

Veneno de vespa

O peptídeo foi isolado de uma vespa conhecida como Polybia paulista, uma vespa encontrada no Brasil, comum em regiões dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Esse peptídeo é pequeno o suficiente - apenas 12 aminoácidos - para levar os pesquisadores a confiar que seria viável criar variantes suas e testá-las para ver se poderiam se tornar mais potentes contra as bactérias e menos nocivas para os seres humanos.

Os testes começaram com células renais embrionárias humanas cultivadas em laboratório e seguiram em camundongos infectados com Pseudomonas aeruginosa. Vários dos peptídeos sintetizados pela equipe conseguiram reduzir a infecção, sendo que um deles, administrado em dose alta, conseguiu eliminá-la completamente.

"Eu acho que alguns dos princípios que aprendemos aqui podem ser aplicáveis a outros peptídeos semelhantes que são derivados da natureza," disse Fuente-Nunez. "Coisas como a helicidade e a hidrofobicidade são muito importantes para muitas dessas moléculas, e algumas das regras que aprendemos aqui podem definitivamente ser extrapoladas."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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