30/09/2019

Vacina contra caxumba pode não estar mais protegendo a todos

Redação do Diário da Saúde
Vacina contra caxumba pode não estar mais protegendo a todos
Um aspecto característico da caxumba é o inchaço das glândulas salivares. A doença se espalha por contato direto, gotículas ou objetos contaminados.[Imagem: Emory University/Divulgação]

Falha na vacina ou mutação do vírus?

A imunidade contra o vírus da caxumba parece insuficiente em uma fração das pessoas em idade universitária que foram vacinadas na infância.

Esta descoberta destaca a necessidade de entender melhor a resposta imune à caxumba e às vacinas contra caxumba, afirmam pesquisadores do Centro de Vacinas da Universidade Emory e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Uma das possibilidades é que pode ser necessário desenvolver uma nova vacina.

Nos últimos 15 anos, vários surtos de caxumba ocorreram entre estudantes universitários, equipes esportivas e comunidades muito unidas em todo o mundo.

Dois fatores contribuintes possíveis incluem uma menor imunidade induzida pela vacina e diferenças entre a cepa do vírus da caxumba que circula atualmente e a cepa usada para produzir a vacina, que faz parte da vacina infantil padrão contra o sarampo, caxumba e rubéola, a conhecida "vacina tríplice viral".

"No geral, a vacina tríplice tem sido ótima, com uma redução de 99% no sarampo, caxumba e rubéola, e uma redução significativa nas complicações associadas desde a sua introdução.

"O que estamos vendo agora com esses surtos de caxumba é uma combinação de duas coisas: algumas pessoas não estão formando uma resposta imunológica forte, e a cepa em circulação se afastou da cepa que está na vacina," disse o professor Sri Edupuganti, membro da equipe que está tentando desvendar o problema.

Vacinados, mas sem anticorpos

A maioria dos participantes analisados pela equipe (93%) tinha anticorpos contra a caxumba, mas 10% deles não tinham células B de memória específicas para caxumba detectáveis, as quais normalmente seriam capazes de produzir anticorpos antivirais como parte de uma memória de resposta após a exposição ao vírus da caxumba. Em média, a frequência de células B de memória no sangue dos participantes foi 5 a 10 vezes menor para células que produzem anticorpos contra a caxumba, em comparação com células que produzem anticorpos para sarampo ou rubéola.

Além disso, os anticorpos dos participantes não neutralizaram o vírus da caxumba do tipo selvagem com a mesma eficiência que o vírus da vacina. Uma parte significativa do pequeno grupo de participantes do estudo pode ter ficado suscetível à infecção pela cepa de caxumba do tipo selvagem em circulação no momento, concluíram os pesquisadores, acrescentando que não viram uma relação clara entre o momento da vacinação e os baixos níveis de anticorpos ou células B de memória.

Um teste de intervenção mostrou que uma terceira dose da vacina tríplice resultou no aumento das respostas de anticorpos neutralizantes à caxumba em alguns indivíduos; no entanto, os níveis de anticorpos diminuíram em relação à linha de base em 1 ano, o que significa que o efeito da dose adicional não foi duradouro.

A conclusão é que estudos adicionais para caracterizar a resposta imunológica a cepas da caxumba da vacina e de tipo selvagem são claramente necessários para determinar se é necessário o desenvolvimento de uma nova vacina contra caxumba, dizem os pesquisadores, salientando que o desenvolvimento de uma nova vacina exigiria um grande investimento em ensaios clínicos necessários para demonstrar sua segurança e eficácia.

Caxumba

Os sintomas da caxumba incluem aqueles comuns a doenças virais - fadiga, dores no corpo, dor de cabeça -, mas um aspecto distinto é frequentemente o inchaço das glândulas salivares.

Casos mais graves podem levar à encefalite ou surdez.

A caxumba se espalha por contato direto, gotículas ou objetos contaminados. Geralmente, leva de 16 a 18 dias para que os sintomas da caxumba apareçam após o início da infecção.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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