Traumas na infância provocam insônia e problemas para lidar com a vergonha

Outras pesquisas indicaram que pode haver um remédio simples e gostoso contra a vergonha, embora os cientistas ainda não saibam se a vergonha é natural ou é uma patologia.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Experiências adversas de infância

Experiências adversas na infância resultam em formas mais disfuncionais de lidar com a vergonha e aumentam a gravidade dos casos de insônia na idade adulta, embora estas duas variáveis não surjam associadas.

Essa categoria de eventos traumáticos precoces, conhecidos como "experiências adversas de infância", abarcam experiências negativas como abuso emocional ou físico, abuso sexual, negligência, exposição ao abuso de substâncias pelos pais, à doença mental ou ao comportamento criminoso.

Essas experiências, especialmente se forem múltiplas, têm um efeito devastador no funcionamento emocional do adulto, potenciando riscos mais elevados de depressão, ansiedade, dependência de substâncias e suicídio.

Frans Schalkwijk e seus colegas da Austrália e dos Países Baixos queriam saber mais sobre o modo como as experiências negativas mais graves vivenciadas na infância poderiam explicar a hiperexcitabilidade, a insônia e a forma de lidar com a vergonha, que são problemas comportamentais largamente alegados por adultos.

Vergonha e insônia

Os participantes começaram por preencher um questionário sobre traumas na infância, cerca de uma semana antes de realizarem uma ressonância magnética funcional (fMRI).

A conclusão dos pesquisadores é que a associação entre as experiências adversas de infância e a hiperexcitabilidade é mediada pela forma de lidar com a vergonha: Quanto mais fortes os eventos traumáticos na infância, mais fortes eram as formas disfuncionais de lidar com a vergonha e os sintomas de insônia.

Os exames cerebrais mostraram uma associação direta entre as experiências adversas de infância e a maior ativação do córtex cingulado dorsal anterior (integra o sistema límbico, associado a processos emocionais) conforme os pacientes recordavam memórias autobiográficas vergonhosas.

Segundo a equipe, estas descobertas podem ter implicações na abordagem do tratamento da insônia, tornando-o mais focado no trauma e no processamento emocional, em vez das intervenções convencionais do sono. "Recomendamos estudos futuros para investigar o mecanismo da relação entre trauma infantil e insônia, contemplando fatores adicionais como estilos de vinculação, personalidade e temperamento," disse o professor Eus Van Someren, coordenador da pesquisa.

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