18/02/2020 Tratamento de água com cloro gera subprodutos tóxicosRedação do Diário da Saúde
Quando os fenóis, compostos comumente encontrados na água potável, se misturam com o cloro, centenas de subprodutos desconhecidos e potencialmente tóxicos são formados.[Imagem: Marissa Lanterman/Johns Hopkins University]
Subprodutos gerados pelo cloro Adicionar cloro à água é o método mais comumente usado em todo o mundo para desinfetar a água e obter água potável. O que a ciência não sabia até agora é que a adição do cloro na água cria subprodutos tóxicos. E esses subprodutos nunca haviam sido identificados antes por nenhum método de análise. "Não há dúvida de que o cloro é benéfico; a cloração salvou milhões de vidas em todo o mundo de doenças como febre tifoide e cólera desde a sua chegada no início do século XX. "Mas esse processo de matar bactérias e vírus potencialmente fatais tem consequências indesejadas. A descoberta desses subprodutos altamente tóxicos, anteriormente desconhecidos, levanta a questão de quanta cloração é realmente necessária," disse o professor Carsten Prasse, da Universidade Johns Hopkins, que fez a descoberta com colegas de universidades dos EUA e da Suíça. Eletrófilos O que a equipe descobriu é que o problema ocorre quando o cloro entra em contato com fenóis, compostos químicos que ocorrem naturalmente no ambiente e são abundantes em produtos para cuidados pessoais e farmacêuticos - eles são comumente encontrados mesmo na água potável. Mas, quando esses fenóis se misturam com o cloro, o processo cria um grande número de subprodutos. Os métodos químicos analíticos atuais, no entanto, são incapazes de detectar e identificar todos esses subprodutos, sendo que alguns deles são prejudiciais e podem causar consequências a longo prazo à saúde, disse Prasse. Nos experimentos, a equipe empregou uma técnica comumente usada no campo da toxicologia para identificar compostos com base em sua reação com biomoléculas como DNA e proteínas. Eles adicionaram N-alfa-acetil-lisina, uma molécula que é quase idêntica ao aminoácido lisina, que compõe muitas proteínas em nossos corpos, para detectar eletrófilos reativos - estudos anteriores mostraram que os eletrófilos são compostos prejudiciais, tendo sido associados a uma variedade de doenças. Já haviam sido encontrados produtos químicos em piscinas que aumentam o risco de câncer. [Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay] Os resultados revelaram o surgimento dos compostos BDA (2-buteno-1,4-dial) e BDA com cloro associado (cloro-2-buteno-1,4-dial). O BDA é um composto muito tóxico e um agente cancerígeno conhecido que, até este estudo, os cientistas não haviam detectado antes na água clorada, disse Prasse. Métodos alternativos para tratar a água Embora os pesquisadores enfatizem que este é um estudo em laboratório, sendo que a presença desses novos subprodutos na água potável saída das estações de tratamento terá que ser avaliada, as descobertas também levantam a questão sobre o uso de métodos alternativos para desinfetar a água potável, incluindo o uso de ozônio, tratamento UV ou filtração simples. "Em outros países, especialmente na Europa, a cloração não é usada com tanta frequência, e a água continua segura contra doenças transmitidas pela água. Na minha opinião, precisamos avaliar quando a cloração é realmente necessária para a proteção da saúde humana e quando abordagens alternativas podem ser melhor," disse Prasse. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br/print.php?article=tratamento-agua-cloro-gera-subprodutos-toxicos A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |