08/12/2021

Técnica promete retirar medicamentos anti-HIV das águas das cidades

Redação do Diário da Saúde
Técnica promete retirar medicamentos anti-HIV das águas das cidades
A maioria dos países não tem regulamentos que restrinjam os níveis de medicamentos nas águas residuais - ou na água potável.[Imagem: Therese van Wyk/University of Johannesburg]

Medicamentos na água tratada

Todos os anos, novos medicamentos são disponibilizados para a população - e todos os anos estes novos medicamentos vêm-se somar a todos os outros rumo às nossas águas residuais, tão logo sejam eliminados pelo nosso corpo ou sejam descartados.

E as águas residuais que saem de nossas casas costumam ser lançadas em rios, que, por sua vez, irão fornecer água potável para as populações das cidades rio abaixo.

Na maioria das vezes - e em todos os países - ninguém sabe quais produtos farmacêuticos acabam nos rios, ou quanto deles.

As pessoas que vivem nas grandes cidades podem pensar que a contaminação não as afeta; afinal, as estações de tratamento de água as protegem, removendo metais pesados, bactérias, vírus e muito mais da água da torneira.

Mas será que nossos sistemas de tratamento de água são assim tão eficientes?

"O que posso dizer a uma pessoa da cidade é que nem toda água clara significa limpa. Como pesquisadores, conhecemos os desafios dos poluentes. As estações de tratamento de água não conseguem remover produtos farmacêuticos. Mas nós mesmos lançamos produtos farmacêuticos nas águas residuais diariamente.

"Nas cidades, recebemos medicamentos porque temos assistência médica (seguro saúde). Às vezes, não nos importamos e dizemos: 'Estou curado agora' e jogamos nossos remédios fora. A maneira mais fácil de fazer isso é dar descarga pelo vaso sanitário. Não achamos que isso possa voltar para nós através da nossa própria torneira," disse a professora Philiswa Nomngongo, da Universidade de Joanesburgo (África do Sul).

Detecção de antirretrovirais

A boa notícia é que a equipe da professora Nomngongo desenvolveu agora um método para monitorar águas residuais e rios. O método detecta dois medicamentos antirretrovirais de primeira linha usados no tratamento de HIV/AIDS.

Essa técnica pode servir de parâmetro para ajudar os governos a criar regulamentos para a nevirapina (NVP) e a zidovudina (AZT) em águas residuais tratadas e rios, e abrir caminhos para regulamentação de outros princípios ativos de medicamentos.

Uma das razões pelas quais os produtos farmacêuticos nas águas residuais ainda não são regulamentados é porque um "coquetel" de muitos deles é lançado diariamente nos rios, o que torna muito difícil estabelecer regras sobre cada um, disse Nomngongo.

E uma das razões pelas quais as estações de tratamento de água não são projetadas para remover produtos farmacêuticos é porque eles estão presentes na água em concentrações muito baixas, daí a urgência de técnicas similares a esta desenvolvida agora pela equipe sul-africana.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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