21/01/2021

Rumo a um antibiótico que mata bactérias más e preserva as benéficas

Redação do Diário da Saúde
Rumo a um antibiótico que mata bactérias más e preserva as benéficas
Outros avanços recentes na área incluem o uso do zinco para destruir as bactérias à distância e um curioso anti-antibiótico.[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

Bactérias boas e bactérias más

Em um esforço para reduzir o potencial de 10 milhões de mortes causadas por infecções em todo o mundo, pesquisadores desenvolveram um peptídeo - uma pequena proteína - que pode alvejar uma bactéria específica, sem causar danos às bactérias boas, que fortalecem o sistema imunológico.

Os antibióticos podem eliminar uma infecção, mas também podem matar bactérias boas, criando uma oportunidade para uma infecção secundária potencialmente fatal. A exposição repetida a antibióticos também pode gerar bactérias resistentes aos medicamentos.

"Um dos melhores mecanismos de proteção que temos para prevenir a infecção são as bactérias benéficas que habitam nossos corpos, conhecidas como comensais," explica o Dr. Scott Medina, da Universidade do Estado da Pensilvânia (EUA). "Por exemplo, muitas vezes evitamos a intoxicação alimentar porque nossos intestinos já estão povoados por bactérias úteis. Não há espaço para o patógeno se estabelecer e colonizar. Se você eliminar as bactérias boas, os patógenos oportunistas podem se aproveitar e causar infecções."

Assim, o pesquisador Andrew Simonson partiu para o desenvolvimento de um peptídeo que pudesse erradicar o patógeno causador da tuberculose (TB), uma das 10 principais causas de morte no mundo, sem prejudicar as bactérias.

Esse é um desenvolvimento crucial, uma vez que as estimativas indicam que as bactérias resistentes a medicamentos poderão causar mais mortes do que o câncer até o ano 2050, efetivamente trazendo o mundo de volta à era pré-antibióticos, quando as pessoas morriam por infecções comuns.

Destruir só a tuberculose

Para desenvolver um antibacteriano específico do patógeno contra a tuberculose, Simonson analisou o próprio patógeno, que está envolto em um "envelope" grosso difícil de penetrar, especialmente em comparação com outras bactérias.

"Só que o envelope tem poros, canais através dos quais o patógeno recebe nutrientes e metabólitos," explicou o professor Medina. "Nos perguntamos se poderíamos imitar esses canais para criar antibacterianos que criariam buracos no envelope bacteriano e, em última análise, matariam o patógeno."

Os pesquisadores então fizeram um peptídeo que rompe a camada externa protetora do patógeno, tornando a bactéria da tuberculose suscetível aos antibióticos - com a vantagem de que o peptídeo não interage com as bactérias boas.

A equipe ainda está estudando o mecanismo exato pelo qual o peptídeo ataca o patógeno da TB, mas eles suspeitam que tenha algo a ver com um ácido graxo que vive na superfície do patógeno.

"Assim que entendermos por que esse peptídeo alveja a TB e como administrar o peptídeo como uma terapêutica viável, podemos usar essa plataforma para projetar antibacterianos para outros patógenos pulmonares," disse Medina.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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