Retardadores de chama em baterias podem causar mais mal do que bem

Custos versus benefícios de exigir padrões que levem ao uso de retardantes de chamas em compartimentos de bateria (topo). Ciclo de vida da inclusão de retardantes de chamas em compartimentos de bateria (embaixo). A liberação química que leva a danos ambientais e à saúde pode ocorrer em todos os estágios do ciclo de vida. As baterias podem pegar fogo na maioria dos estágios, onde o uso de retardantes de chamas resulta em emissões tóxicas adicionais.[Imagem: Lydia G. Jahl et al. - 10.1021/acs.est.4c10630]

Não funciona e causa outros males

À medida que crescem os incêndios envolvendo as baterias de íons de lítio, usadas em celulares, veículos elétricos e inúmeros outros aparelhos, as autoridades e os fabricantes têm trabalhado em busca de soluções.

Infelizmente, a estratégia mais comum adotada até agora na verdade pode não apenas não funcionar, como pode funcionar ao contrário, causando sérios danos à saúde.

Os especialistas explicam que adicionar compostos químicos conhecidos como retardantes de chamas às caixas de plástico das baterias não tem nenhum benefício comprovado de segurança contra incêndio nesses casos específicos.

Os cientistas alertam ainda que os tipos de retardantes de chamas amplamente usados em gabinetes eletrônicos estão ligados ao câncer e outros danos à saúde, e podem acabar em brinquedos infantis, recipientes de alimentos e outros produtos feitos de plástico reciclado.

"O uso de retardantes de chamas em invólucros de plástico de bateria não tem benefício demonstrado e representa ameaças que podem durar gerações," disse Lydia Jahl, do Instituto de Política Científica Verde (EUA). "Por exemplo, retardantes de chamas tóxicos migram dos plásticos para o ar e caem na poeira doméstica, que inadvertidamente respiramos e ingerimos. Quando esses plásticos retardantes de chamas forem reciclados anos depois, mais pessoas serão expostas a produtos feitos com o plástico reciclado."

"Tentar impedir incêndios térmicos descontrolados adicionando retardantes de chamas ao plástico é como adicionar uma porta de tela a um submarino. É um esforço inútil contra uma força avassaladora," acrescentou o Dr. Vyto Babrauskas.

Riscos à saúde dos retardantes de chama

Os retardantes de chama amplamente usados para tentar mitigar os incêndios em baterias de íons de lítio são organo-halogênios e organofosforados, substâncias já associadas ao câncer, bem como a danos neurológicos, reprodutivos e imunológicos.

Crianças pequenas e mulheres grávidas são as mais vulneráveis. Os autores ilustram como as pessoas podem ser expostas a esses produtos químicos prejudiciais durante a fabricação da bateria, o uso do produto original (por exemplo, fones de ouvido ou uma bicicleta elétrica), o descarte e a reciclagem, e até o uso de eventuais futuros produtos reciclados.

"A melhor solução para a saúde pública e a segurança contra incêndios é evitar que incêndios em baterias ocorram em primeiro lugar," disse Arlene Blum, coautora do estudo. "Estratégias como melhorar os sistemas de gerenciamento das baterias e interromper o uso de baterias defeituosas podem evitar incêndios térmicos perigosos. Isso salvaria vidas tanto de incêndios quanto de câncer e muitos outros danos à saúde associados aos retardadores de chamas."

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