22/02/2016

Radiação nuclear usada para impedir reprodução do Aedes aegypti

Com informações da Agência Brasil

Radiação e alteração genética

Pesquisadores estão testando o uso da radiação nuclear na luta contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, febre chikungunya chikungunya e zika.

Pesquisadores da Fundação Owaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão usando raios gama - um tipo de radiação eletromagnética capaz de alterar geneticamente organismos vivos - para tornar os mosquitos machos incapazes de se reproduzir.

Os primeiros testes, em Fernando de Noronha, tiveram início em 2013.

As pupas - fase de desenvolvimento do mosquito - são irradiadas em larga escala por um equipamento que usa o Cobalto 60 como base. Isso modifica o esperma dos insetos machos, tornando-os estéreis. As fêmeas que copulam com eles depositam os ovos, mas estes não geram novas larvas do inseto.

Como o acasalamento ocorre apenas uma vez ao longo da vida da fêmea do Aedes aegypti, o cruzamento com os machos modificados impede a reprodução.

10 machos para cada fêmea

A primeira etapa da pesquisa definiu a dose mais eficiente de radiação para a esterilização, avaliou os efeitos dessa exposição aos raios gama e observou a capacidade do mosquito estéril de competir com os espécimes selvagens. A proporção indicada de soltura na natureza foi de dez machos modificados para cada inseto normal.

Na segunda fase, iniciada recentemente, os pesquisadores foram a campo verificar se os resultados se repetem fora do laboratório. Uma das 15 vilas de Fernando de Noronha, na Praia da Conceição, foi a escolhida para o início das solturas, que ocorrem semanalmente desde dezembro. A cada vez, cerca de 3 mil mosquitos modificados são espalhados na região.

"Em fevereiro, devemos saber se os resultados obtidos em condições simuladas se reproduzem em campo real para então fazer a expansão do projeto para todas as vilas, englobar a ilha como um todo, e, de posse desses resultados, o Ministério da Saúde decide se isso poderá ser aplicado no contexto de outros estados e municípios no Brasil", detalhou a coordenadora do projeto, a pesquisadora da Fiocruz Alice Varjal.

Ganhos e perdas

A região de Fernando de Noronha foi escolhida por ser isolada do continente, o que significa menor interação das espécies presentes no arquipélago com fatores externos, característica que aumenta a precisão dos resultados.

Por outro lado, este estudo não permitirá avaliar o risco de reocupação das áreas por pernilongos concorrentes do Aedes aegypti, como o Aedes albopictus, mais eficiente na transmissão de doenças como a malária e a febre amarela.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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