04/10/2021 Proteína espícula do novo coronavírus funde-se com as células humanasRedação do Diário da SaúdeEventos dinâmicos Desde o surgimento da covid-19, há quase dois anos, os pesquisadores correram para descobrir como o novo coronavírus funciona. De modo semelhante a uma dança coreografada, as infecções pelo SARS-CoV-2 envolvem uma série intrincada de eventos moleculares dinâmicos, começando com a ligação do vírus a um receptor na célula, chamado ACE2, auxiliado por "pontas" em forma de gancho na superfície do vírus - as chamadas proteínas de pico, ou espículas. No entanto, até agora os cientistas haviam capturado apenas fotografias estáticas dessa dança molecular, como a clivagem da proteína espícula (S) em subunidades chamadas S1 e S2, após se prenderem ao receptor ACE2. Para ajudar a projetar melhores estratégias clínicas para resistir à covid-19, eles estão em busca de uma visão mais abrangente e de alta resolução de como esses eventos iniciais mobilizam a entrada viral nas células. Para tentar preencher essa lacuna de conhecimento, pesquisadores da Cingapura fizeram uma combinação de duas tecnologias complementares para mapear as mudanças estruturais que ocorrem na proteína S durante a infecção inicial. "A espectrometria de massa da troca hidrogênio/deutério permitiu a caracterização das mudanças na dinâmica da proteína S após a ligação ao ACE2, enquanto nossas simulações de dinâmica molecular elucidaram movimentos de nível atômico correspondentes," explicou o professor Peter Bond, do Instituto de Bioinformática A*STAR. É a primeira vez que o processo é visto neste nível de detalhamento. [Imagem: Palur V Raghuvamsi et al. - 10.7554/eLife.63646] Pontos de acesso O estudo produziu algumas descobertas inesperadas. Por exemplo, a ligação do ACE2 à proteína S desencadeou mudanças estruturais distintas em dois pontos de acesso localizados a alguma distância do local de ligação. Também se observou uma atividade mais intensa nas regiões em torno do local de clivagem S1/S2, o que o professor Bond sugere que pode ser uma etapa de iniciação, antes que as enzimas entrem para proteolisar a proteína S nos locais não clivados restantes, incluindo o local S2 nas proximidades. Enquanto isso, a região do "caule" do coronavírus - uma estrutura que ancora a espícula ao envelope viral - endureceu e se estabilizou após a ligação ao ACE2. No conjunto, essas observações indicam que as interações entre a proteína S e o ACE2 não são simplesmente um meio para o coronavírus reconhecer quais células infectar: Essas interações também podem ter uma influência de longo alcance em outros processos posteriores críticos para a entrada viral e a infecção, incluindo a clivagem e a fusão da proteína S. "Além disso, os locais proteolíticos na proteína S são ambos conhecidos por serem partes às quais alguns anticorpos neutralizantes se ligam," comentou Bond, o que torna esses focos de acesso os principais alvos para o desenvolvimento terapêutico. Essa recém-identificada dinâmica da infecção também pode ajudar a expandir nossa compreensão das variantes do SARS-CoV-2, uma vez que as variantes Alfa e Delta do SARS-CoV-2 abrigam mutações perto do local de clivagem S1/S2. Os pesquisadores planejam agora usar uma abordagem semelhante para descobrir como as mutações nesses pontos de acesso tornam algumas variantes mais ameaçadoras. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br/print.php?article=proteina-espicula-novo-coronavirus A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |