28/07/2008

Programação Neurolingüística tem seus fundamentos teóricos comprovados

Valéria Dias - Agência USP
Programação Neurolingüística tem seus fundamentos teóricos comprovados
[Imagem: Agência USP]

Preconceitos contra a programação neurolingüística

A Programação Neurolingüística (PNL) consiste em "programar" o cérebro mediante comandos lingüísticos, visando a mudanças rápidas e positivas de comportamento.

"Tanto no Brasil como no exterior há diversos livros baseados na técnica, mas a maioria deles é malvisto por alguns segmentos da sociedade que acreditam que a PNL não tem nenhum fundamento teórico e que se resume a literatura de auto-ajuda que visa apenas ao enriquecimento dos autores dessas obras", comenta a jornalista Regina Maria Azevedo.

Fundamentação científica da PNL

Em seu mestrado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Regina buscou desmistificar este pensamento. "Podemos encontrar a base dos fundamentos da PNL em uma teoria respeitada: a Gramática Gerativa Transformacional proposta pelo lingüista norte-americano Noam Chomsky", conta a pesquisadora.

Com o objetivo de validar a PNL junto ao meio acadêmico, Regina comprovou esta fundamentação a partir da análise do livro A Estrutura da Magia - Um livro sobre linguagem e terapia, primeira obra que abordou este assunto. O livro foi publicado em 1975, nos Estados Unidos, pelos "pais" da programação neurolingüística: o analista de sistemas Richard Bandler e o lingüista John Grinder.

Teorias de Noam Chomsky

"No livro A Estrutura da Magia encontramos algumas informações a respeito da Gramática Gerativa Transformacional. Mas em nenhum momento Bandler e Grinder citam explicitamente de quais obras de Chomsky os conceitos foram retirados. O que eu fiz foi confrontar as informações apresentadas por estes dois autores com os livros Aspectos da Teoria da Sintaxe e Estruturas Sintáticas, de Chomsky", explica.

Segundo a jornalista, Bandler e Grinder se encontraram na Universidade da Califórnia (EUA) em meados da década de 1970. Ambos buscavam fazer pesquisas sobre como a linguagem atuava no cérebro e juntos resolveram estudar o tema. "A idéia que eles tinham era a de que, metaforicamente, o cérebro poderia ser comparado a um hardware, e a linguagem, a um softaware. Ou seja, o cérebro podia ser programado a partir da linguagem", conta.

Misto de ciência e abordagem terapêutica

"A PNL é um misto de ciência da comunicação com abordagem terapêutica", relata a pesquisadora. Na prática, a técnica pode ser usada em diversas áreas visando melhorias nos relacionamentos humanos, como por exemplo, em tratamentos de curas rápidas de fobias.

A técnica acabou passando por aperfeiçoamentos agregando conhecimentos de outros terapeutas como Virgínia Satir (na terapia de família), Frederick Perls (na gestalt-terapia) e Milton Erickson (na hipnose ericksoniana). "A PNL pode realmente promover mudanças de comportamento desde que a pessoa entenda sua estrutura e seus mecanismos de funcionamento. Quando isso acontece, a pessoa pode até aplicar a técnica sozinha", afirma.

Bases teóricas da Programação Neurolingüística

A PNL baseia-se, fundamentalmente, nos conceitos de metamodelo, ressignificação e modelagem/calibração. O primeiro 'traduz' a estrutura lingüística que cada pessoa usa para 'traduzir' ao mundo exterior suas representações interiores (foi assim denominado por representar "o modelo de um modelo").

De acordo com Regina, geralmente o metamodelo apresenta, a princípio, as representações formuladas em 'estrutura profunda', tal como designada na gramática gerativo-transformacional. "Bandler e Grinder associaram os conteúdos apresentados em estrutura profunda ao inconsciente, daí a associação 'linguagem-terapia'. Sua passagem, por meio do processo de derivação proposto por Chomsky, para a estrutura superficial, permitiria que tais conteúdos fossem desvelados, trazidos, à consciência", explica.

Metamodelo

O metamodelo é fundamentado em três categorias: distorção ('O professor não vai com a minha cara'), generalização ('Todos os americanos são arrogantes') e eliminação (se um jornalista está à procura de um emprego na editoria de Esportes, por exemplo, todas as notícias ligadas a esse tema - estejam elas espalhadas nos cadernos de Economia, Cultura ou Política - "saltarão" aos seus olhos, "eliminando" oportunidades em outras áreas do jornalismo).

Ressignificação

Na ressignificação, a partir de uma série de questionamentos sobre um enunciado qualquer, os conteúdos vão apresentando outros sentidos. Esses enunciados são carregados de "modelos de mundo" de cada pessoa (emoções, o contexto, a história de vida, etc.). "Por exemplo, quando um chefe deixa o trabalho mais difícil sempre para um mesmo funcionário, ele que passa a ter o seguinte pensamento: 'Meu chefe me odeia, afinal me passa o trabalho mais difícil". Com a PNL, a própria pessoa (ou o terapeuta) faz uma série de questionamentos sobre esse enunciado até que se perceba um outro significado para a atitude do chefe. "Ela poderá chegar à conclusão de que está recebendo o trabalho mais difícil porque o chefe a considera a pessoa mais competente para a tarefa", exemplifica a pesquisadora.

Modelagem

Já a modelagem consiste no mapeamento e na cópia passo a passo, para uso próprio, de um modelo que comprovadamente deu certo. "Por exemplo, a pessoa quer passar no vestibular de uma universidade pública. Então ela toma como exemplo alguém que já estuda em uma e passa a reproduzir o seu comportamento: entra em um cursinho, passa a estudar 'X' horas ao dia, e assim por diante", explica Regina. Esse processo, muitas vezes, precisa de um ajuste, então ela faz uma calibração do modelo para se encaixar nele (se não pode freqüentar um cursinho, então resolve ter aulas particulares em casa ou dedicar-se "X+N" horas de estudo por dia, etc.).

Crivo da razão e emoção pessoais

Segundo Regina, conhecendo o funcionamento da técnica é possível obter resultados satisfatórios na mudança de comportamentos. A jornalista ressalta que na PNL é importante estabelecer metas realísticas, tomar cuidado com o tempo verbal que se usa e fixar datas viáveis. "O uso da palavra 'não' também deve ser evitado: uma coisa é dizer 'Quero ser magro', outra é falar 'Não quero ser gordo' ou ainda 'Quero ser um não-gordo' porque, para o cérebro, lingüisticamente, cada um desses enunciados terá um significado diferente", explica.

A pesquisadora destaca ainda que a técnica só vai funcionar se passar pelo crivo da razão e da emoção da própria pessoa. "Deve-se tomar muito cuidado com o processo de pasteurização que vem ocorrendo com a PNL. Quando Bandler e Grinder falam em 'magia' eles estão se referindo aos efeitos promovidos pelo ato de se comunicar. De nada vai adiantar firmar o pensamento num ideal como 'Tenho uma Mercedes' se a pessoa não desejar, de fato, ter um carro como esse", aponta.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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