21/02/2020

Primeira gripe determina capacidade de reação pelo resto da vida

Redação do Diário da Saúde
Primeira gripe determina capacidade de reação pelo resto da vida
O monitoramento das mutações dos vírus da gripe é uma tarefa contínua das autoridades de saúde. Mas a gripe e a vacina contra a gripe afetam o corpo de modo diferente.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Impressão antigênica

No ano em que você nasceu, o vírus predominante da gripe em circulação era o H1N1 ou o H3N2?

Isso é importante porque o primeiro tipo de vírus da gripe a que fomos expostos na primeira infância determina nossa capacidade de combater a gripe pelo resto de nossas vidas.

Esta constatação um tanto curiosa dá suporte a uma hipótese que os cientistas chamam de "impressão antigênica", uma referência aos antígenos, substâncias que se ligam a anticorpos ou a um receptor de célula B e, normalmente, iniciam uma resposta imune.

De acordo com essa hipótese, a exposição precoce a uma das duas cepas de gripe que circulam todos os anos afeta a nossa imunidade e afeta desproporcionalmente a resposta do corpo ao longo de toda a vida.

"Já sabíamos em nossos estudos anteriores que a suscetibilidade a subtipos específicos de influenza pode estar associada ao ano de nascimento. Este novo estudo vai muito além no apoio à impressão antigênica," disse o Dr. Alain Gagnon, da Universidade McMaster (Canadá).

Esta descoberta pode ter implicações importantes para o enfrentamento de pandemias e epidemias, permitindo que as autoridades de saúde pública avaliem quem pode estar em maior risco em um determinado ano, com base em sua idade e quais vírus eram dominantes no momento do seu nascimento.

Suscetibilidade a diferentes vírus da gripe

Os pesquisadores analisaram dados semanais de monitoramento do Instituto Nacional de Saúde Pública do Canadá durante a temporada de gripe de 2018-19, que foi altamente incomum porque ambas as cepas de influenza A dominaram em diferentes períodos de tempo - normalmente, apenas uma cepa domina cada estação de gripe e é responsável por quase todos os casos.

Eles descobriram que as pessoas que nasceram quando o H1N1 era dominante têm uma suscetibilidade muito menor à gripe durante as estações dominadas por esse vírus do que nas estações dominadas pelo H3N2. Por sua vez, os nascidos em um ano H3N2 são menos vulneráveis à influenza A durante as estações dominadas por esse vírus.

Por exemplo, adultos mais velhos expostos em idades mais jovens ao vírus H1N1, que surgiu durante a pandemia de gripe espanhola em 1918, têm muitos anticorpos para combater o vírus e, portanto, se saem muito bem quando expostos hoje ao vírus H1N1, surgido em 2009 e um primo próximo do original. Mas, em uma estação dominada pelo H3N2, eles se saem mal, com taxas de mortalidade significativamente mais altas.

Por outro lado, as pessoas nascidas durante a pandemia de 1968, causada pelo H3N2, estão melhor equipadas para lidar com a gripe durante as estações em que o H3N2 é dominante. Em 2017-18, por exemplo, houve uma pequena queda na incidência de influenza entre as pessoas nascidas entre 1968 e 1977.

"A imunidade prévia das pessoas aos vírus como os da gripe, incluindo o coronavírus atual, pode ter um tremendo impacto sobre o risco de adoecer durante epidemias e pandemias subsequentes," observou o professor Matthew Miller. "Compreender como sua imunidade anterior os deixa protegidos ou suscetíveis é realmente importante para nos ajudar a identificar as populações que estão em maior risco durante epidemias sazonais e novos surtos."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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