29/01/2010

Por que nem sempre encontramos o que estamos procurando?

Redação do Diário da Saúde
Por que nós nem sempre encontramos o que estamos procurando?
Os radiologistas sabem que a chance de encontrar um tumor é pequena, mas eles querem realmente encontrá-los se eles estiverem lá. Um pequeno treinamento pode ajudá-los. [Imagem: Wikimedia/Seth Rossman]

Objetos raros e objetos comuns

Quando as pessoas procuram objetos raros, do tipo que não se vê todos os dias, elas não se saem muito bem nas tentativas de encontrá-los.

Mas o inverso também é verdadeiro: quando as pessoas procuram por um objeto comum, elas muitas vezes acham que o viram em algum lugar mesmo quando ele não estava realmente lá.

Em um artigo publicado na revista Current Biology, cientistas da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, sugerem uma nova teoria sobre por que isso acontece.

O interesse prático da pesquisa é grande: ele pode sugerir alguns métodos simples para ajudar o pessoal de segurança de aeroportos, sempre em busca de objetos ameaçadores, e radiologistas procurando tumores em chapas de raios X.

Dificuldade de encontrar

"Nós sabemos que, se você não vê o objeto frequentemente, você provavelmente não irá encontrá-lo," afirma Jeremy Wolfe, um dos autores da pesquisa. "Os objetos incomuns ficarão perdidos."

Isto significa que, se você olhar para 20 armas de fogo em uma pilha de 40 malas, você vai encontrar mais armas do que se você olhar para as mesmas 20 armas de fogo em uma pilha de 2.000 malas.

Mas a questão que fica é, por quê?

Será que as pessoas simplesmente começam a ir rápido demais, tornam-se descuidadas, e dizem "Não" mais vezes do que seria razoável? Se isso fosse verdade, então as pessoas à procura de objetos que aparecem mais vezes também deveriam começar a ir rápido demais, tornarem-se descuidadas, e começaram a dizer "Sim" demais.

Velocidade do Sim e do Não

Segundo a pesquisa, não é assim que as pessoas se comportam.

As pessoas enviam falsos alarmes quando estão procurando por objetos comuns - mas eles não dizem "Sim" mais rapidamente, eles dizem "Não" muito mais lentamente.

"Quando não há nada lá, eles não desistem," explica Wolfe. "É tudo um comportamento terrivelmente adaptativo de um animal na natureza. Se você sabe que as frutas estão lá, você continuará procurando até encontrá-las. Se eles nunca estiveram ali, você não precisa gastar seu tempo procurando."

Cometendo muitos erros

Mas essa tendência adaptativa na natureza pode causar problemas quando as pessoas começam a procurar por coisas raras, incomuns, como armas nas bagagens ou câncer de mama em placas de raios X.

Os seguranças do aeroporto sabem que provavelmente não há uma arma em sua bolsa, e os radiologistas sabem que a chance de encontrar um tumor é pequena, mas eles querem realmente encontrá-los se eles estiverem lá. "Nós não fomos bem projetados para fazer isso e acabamos cometendo mais erros do que gostaríamos," diz o pesquisador.

Trabalho exaustivo

Wolfe acha que pode haver formas de resolver este problema, ou pelo menos melhorar nossas capacidades de procurar as coisas.

Ele afirma que sua equipe suspeitou que as taxas de erro poderiam ser reduzidas oferecendo uma reciclagem simples aos trabalhadores que desempenham essas tarefas. A reciclagem foi oferecida antes de cada busca.

Os resultados mostraram que, se a pessoa passar um ou dois minutos fazendo uma pesquisa simulada de armas ou tumores fáceis de encontrar, eles farão um trabalho melhor e serão mais eficientes em encontrar aquelas coisas tão raras nos próximos 30 minutos.

Os pesquisadores agora planejam fazer testes reais em hospitais e aeroportos, para ver se os efeitos observados em laboratório funcionarão no mundo real, onde os interesses em realmente encontrar os objetos são muito maiores.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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