05/10/2017

Placebo dado de forma aberta também funciona - se for explicado

Redação do Diário da Saúde

Placebo sem enganação

É bem conhecido o fato de que o tratamento bem-sucedido de certas queixas físicas e psicológicas pode ser explicado em grande medida pelo efeito placebo.

A grande surpresa é que, ao menos para algumas queixas médicas, os placebos abertos funcionam tão bem como aqueles em que a pessoa acredita estar tomando um remédio real.

Placebos abertos são aqueles em que as pessoas sabem que estão tomando um composto inerte.

Estudos empíricos recentes mostraram que os placebos administrados abertamente têm efeitos clinicamente significativos sobre queixas físicas como dor nas costas crônica, síndrome do intestino irritável, enxaqueca episódica e rinite.

Com isto, psicólogos da Universidade da Basileia (Suíça) e da Escola de Medicina de Harvard (EUA), querem aproveitar os benefícios do efeito placebo sem que seja necessário montar todo um esquema voltado unicamente para "enganar" os pacientes, fazendo-os acreditar que estão recebendo um tratamento real.

Efeito placebo aberto

Para fundamentar sua teoria, os pesquisadores compararam os efeitos da administração de placebos abertos e enganosos.

Um estudo experimental expôs 160 voluntários saudáveis ao aumento do calor no antebraço através de uma placa dotada de uma resistência elétrica. Eles podiam parar manualmente o aumento de temperatura assim que não pudessem suportar mais o calor. Depois disso, todos receberam um creme para aliviar a dor.

Alguns dos participantes foram enganados durante o experimento: foi-lhes dito que estavam recebendo um creme de alívio da dor com o ingrediente ativo lidocaína, embora na verdade fosse um placebo. Outros participantes primeiro assistiram uma palestra de quinze minutos sobre o efeito placebo, sua ocorrência e seus mecanismos de efeito e, depois do experimento, receberam um creme que foi claramente rotulado como um placebo. Um terceiro grupo recebeu um placebo aberto sem ter assistido à explicação inicial.

Os voluntários dos dois primeiros grupos relataram uma diminuição significativa na intensidade da dor e no desconforto após o experimento. O terceiro grupo não.

"A suposição anterior de que os placebos só funcionam quando são administrados através de enganação precisa ser reconsiderada," resumiu a Dra. Cosima Locher, líder da pesquisa.

"Administrar abertamente um placebo oferece novas possibilidades para usar o efeito placebo de uma maneira eticamente justificável," acrescentou seu colega Jens Gaab.

Para isso, recomendam eles, basta acompanhar o placebo aberto de uma narrativa transparente e convincente.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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