18/06/2021

Paradoxo emocional: Nós não conseguimos avaliar emoções fortes demais

Redação do Diário da Saúde
Paradoxo emocional: Nós não conseguimos avaliar emoções fortes demais
Se o grito for intenso demais, você não conseguirá distinguir se é um grito de alegria ou um grito de pavor. [Imagem: MPI for Empirical Aesthetics]

Indicador emocional

As emoções variam muito em intensidade.

Uma pessoa sendo atacada por um gato doméstico, por exemplo, pode muito bem sentir medo; mas certamente seu medo seria ainda maior se estivesse sendo atacada por um leão ou um tigre. Ou seja, nossas emoções diferem em termos de graus de força.

Mas como isso afeta nossa capacidade de inferir significado de como uma emoção é expressa por uma outra pessoa?

Pesquisas científicas sobre as emoções têm assumido até agora que as expressões emocionais se tornam mais distintas à medida que sua intensidade aumenta, mas há pouca evidência empírica para sustentar essa ideia aparentemente intuitiva.

Uma equipe de pesquisadores das universidades de Frankfurt (Alemanha) e Nova York (EUA) investigou sistematicamente pela primeira vez o papel da intensidade emocional.

E os resultados não foram os esperados, revelando uma espécie de "paradoxo da intensidade emocional".

Intensidade das emoções

Natalie Holz e seus colegas coletaram uma infinidade de vocalizações não-verbais, incluindo gritos, risos, suspiros, gemidos, etc. Todos esses sons expressavam emoções positivas e negativas diferentes, variando de intensidade emocional, avaliadas de mínima a máxima.

Eles então examinaram como voluntários percebiam esses sons expressando diferentes intensidades emocionais.

A equipe chegou a uma conclusão surpreendente: No início, conforme a intensidade das emoções aumentava, a capacidade dos participantes de julgá-las também melhorava, atingindo uma espécie de "ponto ideal" na percepção de emoções moderadas a fortes.

Quando as emoções se tornaram intensas ao máximo, entretanto, sua inteligibilidade diminuiu drasticamente.

"Contraintuitivamente, descobrimos que emoções intensas ao máximo não são as mais fáceis de se inferir o significado. Na verdade, elas são as mais ambíguas de todas," disse Natalie Holz.

Emoções fortes demais são indecifráveis

De fato, para emoções extremamente intensas, nem suas categorias individuais, como surpresa e triunfo, nem sua valoração, como agradável e desagradável, puderam ser distinguidas com segurança.

Na verdade, os voluntários nem sequer conseguiram classificá-las como sendo mais positivas ou mais negativas.

Os voluntários sabiam que se tratava de uma emoção forte, mas não sabiam dizer se era um grito de alegria ou um grito de medo, por exemplo.

Os pesquisadores ainda não sabem explicar esse paradoxo, mas sugerem uma hipótese: "No pico da intensidade, o trabalho mais vital pode ser detectar grandes eventos e avaliar sua relevância. Uma avaliação mais refinada do significado afetivo pode ser secundária," sugere Holz.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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