22/09/2023

Confirmado: Opostos não se atraem

Redação do Diário da Saúde
Confirmado: Opostos não se atraem
A larga maioria dos casais é formada por pessoas com características físicas e psicológicas semelhantes.[Imagem: Jess Foami/Pixabay]

Opostos, semelhantes e atração entre eles

Mais um estudo científico sobre os relacionamentos humanos concluiu que os opostos não se atraem.

Em vez de mais um experimento, contudo, desta vez a conclusão veio de uma análise abrangente de mais de 130 características, incluindo milhões de casais ao longo de mais de um século.

A análise confirma o que estudos individuais sugeriram durante décadas, desafiando o velho ditado de que "os opostos se atraem".

"Nossas descobertas demonstram que pássaros iguais são de fato mais propensos a voarem juntos," brinca a professora Tanya Horwitz, da Universidade do Colorado de Boulder (EUA).

Semelhante atrai semelhante

Os dados revelam que, entre 82% e 89% das características pessoais analisadas - desde tendências políticas até a idade da primeira relação sexual e hábitos de uso de substâncias - os parceiros são mais propensos a serem semelhantes.

Para apenas 3% das características, e apenas em uma parte da análise, os indivíduos tenderam a escolher como parceiros alguém que era diferente deles.

Além de lançar luz sobre forças invisíveis que podem moldar as relações humanas, o estudo tem implicações importantes para o campo das pesquisas em genética e evolução.

"Muitos modelos genéticos assumem que o acasalamento humano é aleatório. Este estudo mostra que esta suposição provavelmente está errada," disse o professor Matt Keller, observando que o que é conhecido como acasalamento seletivo - quando indivíduos com características semelhantes formam casais - pode distorcer os resultados dos estudos genéticos.

Erro nos estudos genéticos

Os autores observam que os casais compartilham características por vários motivos: Alguns crescem na mesma área, alguns são atraídos por pessoas fisicamente semelhantes, outros ficam mais parecidos quanto mais tempo ficam juntos etc.

Dependendo da causa, isso pode gerar consequências nas gerações seguintes.

Por exemplo, explica Horwitz, se as pessoas baixas têm maior probabilidade de produzir descendentes com pessoas baixas e as pessoas altas com pessoas altas, poderá haver mais pessoas nos extremos de altura na próxima geração. O mesmo vale para características psiquiátricas, médicas ou outras.

Também pode haver implicações sociais: Por exemplo, alguns pequenos estudos anteriores sugeriram que as pessoas nos EUA estão cada vez mais propensas a unir-se a pessoas com antecedentes educacionais semelhantes - uma tendência que, segundo alguns teorizam, poderá ampliar a divisão socioeconômica.

Por outro lado, os cientistas alertam que as correlações que eles encontraram foram bastante modestas e não devem ser exageradas ou mal utilizadas para promover uma agenda - pesquisas científicas sobre acasalamentos seletivos foram tragicamente cooptadas pelo movimento da eugenia, a pseudociência do melhoramento genético da espécie humana.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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