01/04/2022
Opinião predominante nas redes sociais é diferente de pesquisa de opinião
Redação do Diário da Saúde
Esquema da técnica "murmuração" de análise das mídias sociais. [Imagem: Yini Zhang et al. - 10.1093/jcmc/zmab021]
Opinião pública nas mídias sociais
Quando expressas nas mídias sociais, as visões coletivas sobre um tópico ou assunto são muito diferentes das conclusões determinadas por meio de pesquisas de opinião pública.
Agora, a equipe da professora Yini Zhang, da Universidade de Buffalo (EUA), desenvolveu e testou uma estrutura que é capaz de medir esse escorregadio conceito de "opinião pública nas mídias sociais".
A estrutura, que a equipe chama de "murmuração", trabalha identificando dados demográficos on-line e fatorando esses dados em busca da manipulação de opinião, que são característicos desses "campos de batalha digitais" do discurso público.
A conclusão é que existem grupos significativos de atores na mídia social que podem ser identificados na relação "quem segue a quem". Os atores atraem seguidores com ideias semelhantes para formar "rebanhos", que servem como unidades de análise. À medida que as opiniões se formam e mudam em resposta a eventos externos, o desdobramento das opiniões dos bandos se move como o movimento fluido de bandos de pássaros fazendo revoadas no céu. Ou seja, é mais como "ir com o bando".
O nome murmuração não vem das pessoas cochichando suas opiniões, mas dos pássaros mais famosos por esses movimentos, os estorninhos, cujo bater das asas em seu bailado nos céus gera uma onda sonora característica, batizada de "murmuração dos estorninhos".
Bandos nas mídias sociais
A equipe usou sua nova estrutura de análise para avaliar mais de 193.000 contas do Twitter, que seguiam mais de 1,3 milhão de outras contas. Os dados sugerem que a adesão ao rebanho pode prever opiniões e que a estrutura de murmuração revela padrões distintos de intensidade de opinião.
O conceito de "bandos" pode ajudar a unificar as pesquisas de opinião tradicionais com as opiniões expressas nas mídias sociais. [Imagem: Yini Zhang/University at Buffalo]
Os pesquisadores estudaram o Twitter por causa da capacidade de ver quem está seguindo quem, informações que não são acessíveis publicamente em outras plataformas.
Além disso, os dados confirmam o conceito de "câmaras de eco" predominantes nas mídias sociais, ao mesmo tempo em que adicionam nuances importantes.
"Ao identificar diferentes bandos e examinar a intensidade, o padrão temporal e o conteúdo de sua expressão, podemos obter insights mais profundos, muito mais do que apenas onde liberais e conservadores estão em uma determinada questão," disse Zhang. "Esses bandos são segmentos da população, definidos não por variáveis demográficas de relevância questionável, como mulheres brancas de 18 a 29 anos, mas por suas conexões online e suas respostas a eventos.
"Dessa forma, podemos observar variações de opinião dentro de um campo ideológico e opiniões de pessoas que não se assume comumente ter uma opinião sobre determinados assuntos. Nós vimos os bandos como ocorrendo naturalmente, respondendo às coisas conforme elas aconteciam, de maneiras que levam em consideração um elemento de conversação," prosseguiu a pesquisadora.
Pesos exagerados
Zhang salienta que é importante não confundir a opinião pública, conforme medida por métodos de pesquisa baseados em entrevistas e questionários, e a opinião pública de mídia social.
"Indiscutivelmente, a opinião pública da mídia social é duas vezes removida da opinião pública geral medida por pesquisas," disse ela. "Primeiro, nem todo mundo usa a mídia social. Em segundo lugar, entre aqueles que o fazem, apenas um subconjunto deles realmente expressa opiniões nas mídias sociais. Eles tendem a ser fortemente opinativos e, portanto, mais dispostos a expressar suas opiniões publicamente."
Desta forma, a ferramenta murmuração oferece fundamentos que podem complementar as informações coletadas por meio das pesquisas de opinião tradicionais. E também é mais do que a simples mineração de mídia social para textos específicos nas mensagens, concentrando-se no aspecto dinâmico da mídia social. Quando o texto é removido de seu contexto, dizem os pesquisadores, torna-se difícil determinar com precisão as questões sobre o que levou à discussão, quando a discussão começou e como ela evoluiu ao longo do tempo.
"A murmuração pode permitir pesquisas que façam melhor uso dos dados das mídias sociais para estudar a opinião pública como uma forma de interação social e revelar dinâmicas sociais subjacentes," concluiu Zhang.
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
URL: https://diariodasaude.com.br/print.php?article=opiniao-predominante-redes-sociais-pesquisas-opiniao
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