13/04/2020

Onde há mais homens, há mais problemas? Não necessariamente

Redação do Diário da Saúde
Onde há mais homens, há mais problemas? Não necessariamente
Há muito se sabe que homens agressivos e mulheres meigas são mito da sociedade urbana.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Disparidade entre homens e mulheres

O estereótipo tradicional propõe que os homens são mais propensos a assumir riscos competitivos e adotar comportamentos violentos.

Então, o que acontece quando o número de homens é maior do que o número de mulheres em uma população?

As respostas podem não ser o que você espera, afirmam Jon Maner e Joshua Ackerman, psicólogos da Universidade do Estado da Flórida (EUA).

"Quando os homens superam o número de mulheres em uma dada ecologia, a intuição pode sugerir que as taxas de crimes violentos disparariam, os casamentos desestabilizariam e muitas crianças nasceriam fora do casamento. Curiosamente, o que observamos foi justamente o oposto," contou Maner.

Comportamentos masculinos e femininos

As proporções de indivíduos de cada sexo têm sido extensivamente estudadas em espécies não humanas quanto ao impacto sobre o comportamento da população, mas os pesquisadores queriam saber se essas proporções também desempenham um papel entre os seres humanos. Muitos fatores podem produzir desequilíbrios na proporção entre os sexos, incluindo guerras, que matam mais homens do que mulheres, e padrões de migração diferenciados por sexo.

"Uma das ideias centrais é que, quando há um desequilíbrio nas proporções sexuais, o sexo da maioria enfrenta muito mais concorrência quando se trata de encontrar e manter parceiros românticos. Uma maneira pela qual essa competição se expressa é a maneira como homens e mulheres mudam sua estratégia geral de acasalamento para a estratégia de acasalamento típica do outro gênero," disse Maner, referindo-se à interpretação neodarwinista predominante na ciência, que sempre extrapola os comportamentos dos animais não-humanos para os humanos.

Para competir, os machos de muitas espécies geralmente recorrem a riscos competitivos ou a comportamentos violentos para atrair as fêmeas. Nos homens, isso significaria chamar a atenção e adotar comportamentos mais arriscados, como gastar dinheiro demais para comprar símbolos de status, se exibir ou mesmo brigar - é o que diz o neodarwinismo.

Mas não foi isso o que os psicólogos encontraram fora da teoria - ou seja, na realidade.

Comportamento da maioria, não do gênero

Na verdade, o que o estudo revelou é que há um cruzamento de características comportamentais femininas e masculinas que funciona na direção oposta ao que a teoria propõe, com as mulheres adotando comportamentos mais típicos dos homens quando estão na população super-representada.

"Quando as mulheres são mais abundantes, elas são mais abertas a relacionamentos sexuais casuais, menos propensas a se casar," disse ele. "Elas essencialmente atendem ao que costuma ser a característica entre os homens, que é assumir o domínio".

Os pesquisadores também constataram que existem outras respostas masculinas que são menos conhecidas e, apontou Maner, até mesmo mais frequentemente associadas ao estereótipo feminino.

"Outra maneira de os homens competirem entre si é sendo mais rápido para se relacionar com uma mulher, casar e realmente se dedicar mais plenamente a ter filhos e ser um bom pai," explica Maner. "Por outro lado, se ele não conseguir encontrar uma parceira, ele pode estar inclinado a competir de outras maneiras e é aí que você pode encontrar um aumento da violência, correr riscos e competir com outros homens".

A conclusão geral é que há comportamentos característicos - menos aderência às normais sociais, mais competição e mais "violência" - do gênero que está em maioria, seja ele feminino ou masculino.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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