28/06/2019

Nossos tecidos e órgãos têm seus próprios relógios biológicos

Redação do Diário da Saúde

Relógios biológicos locais

O corpo responde a variações de luz entre o dia e a noite, independentemente do cérebro.

Em outras palavras, cada um dos nossos tecidos e órgãos parece ter seu próprio relógio biológico.

Embora cada tecido receba informações do relógio biológico central - ou ritmo circadiano - para coordenar suas funções, cada um também tem a capacidade de responder independentemente às variações de luz e de detectar mudanças na intensidade da luz entre o dia e a noite.

Isso é crucial porque mostra que essa autonomia permite que os tecidos mantenham funções mínimas mesmo quando outro tecido do nosso corpo está falhando.

"Os resultados destes estudos serão particularmente relevantes durante o envelhecimento e em doenças em que a alta interdependência dos tecidos levaria a uma deterioração geral do organismo," disse o Dr Salvador Aznar Benitah, que fez a descoberta com colegas do Instituto de Pesquisa em Biomedicina de Barcelona (Espanha). Os resultados foram publicados em dois artigos na revista Cell.

Respostas à variação de luz

A descoberta foi possível graças a um novo modelo de camundongo que permitiu aos pesquisadores isolar a comunicação de cada tecido do restante do corpo.

Eles então compararam os ritmos circadianos da epiderme e do fígado deste modelo de camundongo - em que não há comunicação entre tecidos diferentes - com os de camundongos saudáveis e camundongos com um relógio biológico intencionalmente danificado.

Usando essa abordagem, eles confirmaram a autonomia de ambos os tipos de tecido para responder à variação de luz que ocorre à medida que o dia avança.

Mas as coisas não são isoladas, ou seja, embora cada tecido seja autônomo e tenha seu próprio marcador de ritmo, isso não implica uma ausência de comunicação com o resto do corpo.

"Confirmamos que o relógio central do cérebro comunica-se com o resto do corpo, fornecendo informações úteis para garantir sua função correta, informando, por exemplo, o trato gastrointestinal, fígado e pâncreas que é hora de comer e permitindo que se preparem para a digestão. Mas, quando essa comunicação falha, cada órgão é capaz de saber que horas são e, assim, realizar suas funções básicas," explicou Benitah.

"Nossos resultados têm implicações importantes para a saúde," acrescentou o pesquisador. "Nosso estilo de vida atual nos expõe à luz quando deveríamos estar na escuridão. Dado que cada órgão é capaz de responder independentemente à luz, as funções corporais que ocorrem durante o dia ocorrem à noite. Essa diferença de fase diária, ou jet-lag social, pode ser responsável pelo envelhecimento prematuro e pelo desenvolvimento de certas patologias."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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