27/06/2022

Nanotecnologia na saúde: É seguro mesmo?

Redação do Diário da Saúde
Nanotecnologia na saúde: É seguro mesmo?
Visão geral de dispositivos flexíveis baseados em nanomateriais para monitoramento e tratamento de doenças cardiovasculares.[Imagem: Nano Research/Tsinghua University]

Nanotecnologia para monitorar o coração

Com a emergência da nanotecnologia - tecnologias baseadas em técnicas e materiais em escala atômica ou molecular -, grande parte das questões de saúde parece encontrar uma resposta nesses nanomateriais.

Por exemplo, as propriedades únicas dos nanomateriais os tornam uma opção interessante para construir sistemas de monitoramento e tratamentos usando dispositivos vestíveis e implantáveis, sobretudo para doenças do coração e outras enfermidades cardiovasculares.

"As doenças cardiovasculares são doenças de grande peso, com altas taxas de incidência, altas taxas de recorrência e uma ampla gama de complicações com risco de saúde e de vida," disse a Dra Haixia Alice Zhang, professora do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia em Micro/Nano Fabricação, na Universidade de Pequim (China). "A capacidade de melhor monitorar e tratar essas doenças é de vital importância."

Mas será que a nanotecnologia tem mesmo a resposta para essas e outras necessidades de saúde?

Para tentar separar o que é sensacionalismo do que é potencial real, a equipe da Dra Zhang fez uma revisão de todo o conhecimento científico sobre esses dispositivos flexíveis de monitoramento, sensores e tratamentos baseados em nanomateriais. Um dos grandes resultados desta meta-análise é que a equipe conseguiu traçar um roteiro para os próximos passos necessários para tornar esses dispositivos uma possibilidade prática.

Nanotecnologia não está pronta para ser usada em saúde

A lição para levar para casa é: Mais pesquisas são necessárias antes que estes nanomateriais possam chegar às aplicações práticas.

"Os dispositivos baseados em nanomateriais abrem novas oportunidades com suas excelentes características, incluindo condutividade, maciez, elasticidade e biocompatibilidade, necessárias para garantir o conforto do usuário e a aquisição precisa do sinal," disse Zhang. "Por exemplo, nanomateriais macios e elásticos permitem um contato intimamente conformado entre dispositivos e tecidos biológicos, permitindo um monitoramento preciso sem perturbar os comportamentos naturais do corpo humano".

Mas, apesar desses avanços recentes, ainda há desafios a serem resolvidos para uma ampla aplicação prática. Um desses problemas é uma propriedade indesejável dos nanomateriais: A autoagregação, causada por fortes interações nos materiais, levando a uma dispersão não uniforme, o que faz com que um pequeno pedaço do material pode até funcionar bem em laboratório, mas fabricá-lo em grande escala pode ser problemático.

"Os pesquisadores estão trabalhando para resolver esse problema, mas ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar uma uniformidade repetível e estável que possa ser comercializada," disse Zhang.

As duas outras grandes áreas de preocupação, segundo Zhang, são a biocompatibilidade de longo prazo dos nanomateriais e sua incompatibilidade com os processos convencionais de semicondutores, este último limitando o tamanho dos dispositivos feitos com os nanomateriais.

"Embora a não toxicidade de curto prazo de muitos materiais tenha sido verificada, a biocompatibilidade de longo prazo permanece suspeita," disse Zhang. "E a incompatibilidade com os processos convencionais de semicondutores impede a miniaturização, o que é de grande importância para a medicina de precisão. Os dispositivos flexíveis baseados em nanomateriais têm muitas propriedades excelentes para monitorar e tratar doenças cardiovasculares, mas ainda há um longo caminho a percorrer antes que eles possam ser usados para aplicações práticas."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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