Música afeta o coração do bebê dentro do útero

A música clássica afeta a frequência cardíaca fetal, tornando-a mais regular e previsível, possivelmente estimulando o desenvolvimento.[Imagem: AIP]

Música toca o coração do bebê

Tocar música tem sido uma maneira de os futuros pais se conectarem com seus filhos antes de eles nascerem há muito tempo, e agora há mais evidências de que isto realmente faz bem para o bebê - não apenas psicologicamente, mas também fisiologicamente.

José Javier Lagos e colegas de várias instituições do México estudaram o efeito da música clássica nos batimentos cardíacos fetais. Para isso, eles usaram ferramentas de análise matemática para identificar padrões na variabilidade da frequência cardíaca do futuro bebê.

Medidas típicas da frequência cardíaca são uma média de várias batidas em vários segundos. Em contraste, a variabilidade da frequência cardíaca mede o tempo entre batimentos individuais. Essa medida pode fornecer informações sobre a maturação do sistema nervoso autônomo fetal, com maior variabilidade frequentemente indicando desenvolvimento saudável.

As evidências foram claras: A música acalma os batimentos cardíacos fetais, potencialmente proporcionando benefícios ao desenvolvimento.

Músicas clássicas

Para testar os efeitos que a música pode ter na frequência cardíaca fetal, os pesquisadores recrutaram 36 mulheres grávidas e tocaram duas músicas clássicas para seus fetos, "O Cisne", do compositor francês Camille Saint-Saëns, e "Arpa de Ouro", do compositor mexicano Abundio Martínez.

Ao conectar monitores cardíacos externos, os pesquisadores puderam medir a resposta da frequência cardíaca fetal a ambas as músicas. E, ao empregar uma técnica chamada análise de quantificação de recorrência não linear, eles conseguiram identificar mudanças na variabilidade da frequência cardíaca durante e após a música ser tocada.

"No geral, descobrimos que a exposição à música resultou em padrões de frequência cardíaca fetal mais estáveis e previsíveis," disse a pesquisadora Claudia Lerma. "Especulamos que esse efeito momentâneo poderia estimular o desenvolvimento do sistema nervoso autônomo fetal."

Os sensores e a técnica de análise permitiram identificar mudanças na variabilidade da frequência cardíaca durante e após a música ser tocada.
[Imagem: José Javier Reyes-Lagos et al. - 10.1063/5.0236416]

Escolher músicas tranquilas e suaves

Além dos efeitos gerais de tocar uma música para o nenê, os pesquisadores observaram as diferenças entre as duas músicas clássicas. Embora ambas tenham sido eficazes, a melodia da guitarra mexicana teve um efeito mais forte.

"Ao contrastar 'O Cisne' com 'Arpa de Ouro', notamos algumas diferenças significativas," disse o pesquisador Eric Alonso. "Em particular, a segunda peça pareceu ter um impacto mais forte em algumas medidas, indicando que produziu padrões de frequência cardíaca mais previsíveis e regulares. Fatores como características rítmicas, estrutura melódica ou familiaridade cultural podem estar ligados a essa diferenciação."

Para os futuros pais, os pesquisadores sugerem que a música clássica pode ajudar a promover o desenvolvimento fetal.

"Nossos resultados sugerem que essas mudanças na dinâmica da frequência cardíaca fetal ocorrem instantaneamente em flutuações de curto prazo, então os pais podem querer considerar expor seus fetos a uma música tranquila," disse Eric. "Pais que tocam música suave podem estimular e beneficiar o sistema autonômico fetal."

Os pesquisadores planejam continuar a explorar esse efeito, observando diferentes gêneros e tipos de música para aprofundar a compreensão dos efeitos que a música pode exercer sobre o futuro bebê.

"Para verificar se variações rítmicas ou culturais provocam respostas cardíacas fetais distintas, pretendemos aumentar o tamanho da nossa amostra e expandir nossa investigação para incluir uma variedade de estilos musicais além das peças clássicas," disse Lagos.

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