05/04/2016
Medicamento em teste que matou voluntário pode ter atingido alvo errado
Com informações da New Scientist
BIA 10-2474
Um analgésico experimental que matou um voluntário e danificou severamente os cérebros de outras cinco pessoas em um ensaio clínico em Rennes, na França, pode ter agido em partes do cérebro onde ele não deveria atuar.
Esta foi a conclusão da comissão que investigou o incidente.
Em razão do ocorrido, a comissão recomendou que as normas de segurança para os ensaios clínicos sejam reforçadas em nível mundial.
O ensaio clínico estava testando uma droga chamada BIA 10-2474, um analgésico desenvolvido pela empresa portuguesa Bial. No total, 90 voluntários receberam a droga. Os seis que foram prejudicados receberam a maior dose total: 50 mg por dia até quantidades cumulativas entre 250 e 300 miligramas, quando os sintomas rapidamente apareceram.
Anandamida
Em seu relatório, a comissão nomeada pela Agência Nacional Francesa de Medicamentos e Segurança de Produtos de Saúde concluiu que o dano foi quase certamente "um efeito fora do alvo".
A droga BIA 10-2474 foi projetada para permitir que o neurotransmissor analgésico anandamida acumule-se no cérebro, o que é feito bloqueando a enzima FAAH, que de outro modo decomporia a anandamida.
Os investigadores suspeitam que, nas doses elevadas que alguns voluntários receberam - 40 vezes acima do que é necessário para bloquear toda a FAAH -, a droga pode começar a perturbar outras enzimas cerebrais além da FAAH.
Outra possibilidade é que a anandamida excedente possa causar dano, seja através da ativação de outras moléculas no cérebro ou pela sua própria decomposição em substâncias nocivas.
A comissão pede regras mais estritas para os ensaios clínicos, incluindo a proibição de doses muito superiores às necessárias para alcançar o efeito pretendido.
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
URL: https://diariodasaude.com.br/print.php?article=medicamento-cerebro-ensaio-clinico
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