16/04/2015
Intoxicação por carne de baiacu tem alta taxa de mortalidade
Com informações da Revista Unesp Ciência
O baiacu é muito conhecido por sua característica de ingerir água ou ar e aumentar o volume corporal quando ameaçado por predadores. [Imagem: Unesp]
Baiacu
O baiacu, ou peixe-bola (pufferfish, boxfish) é um peixe ósseo muito conhecido por sua característica de ingerir água ou ar e aumentar o volume corporal quando ameaçado por predadores.
Existem cerca de 120 espécies e a maioria delas é encontrada em regiões tropicais e subtropicais, incluindo espécies fluviais.
O mais preocupante, contudo, é que os baiacus são considerados animais venenosos devido ao fato de poderem armazenar tetrodotoxina (Ttx) e outras neurotoxinas. A Ttx é toxina letal provavelmente sintetizada pelas bactérias contidas nos alimentos ingeridos pelos peixes.
"Ela é acumulada e utilizada como arma de defesa", explica o Dr. Vidal Haddad Júnior, professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, e autor de diversos trabalhos científicos sobre o tema.
"Mais do que relatar casos ou fazer discussões acadêmicas, as pesquisas têm por finalidade mostrar que não é só no Japão que pessoas morrem por comer carne de peixes-bola [50 mortes anuais]. Um alerta sobre o tema pode elevar o nível de informação no país e mostrar que não apenas pescadores se intoxicam, ocorrendo casos em vítimas que compram o peixe em mercados", diz o professor.
Sintomas do envenenamento por baiacu
Os sintomas geralmente se iniciam dentro de 6 horas, mas em alguns pacientes podem demorar até 20 horas para se manifestarem. Parestesias periorais, fraqueza da musculatura facial e extremidades, dor abdominal, sialorreia, náuseas, vômitos e diarreia surgem precocemente.
Os pacientes podem apresentar disfunção motora com fraqueza muscular, hipoventilação e disartria. Um quadro de paralisia ascendente ocorre de 4 a 24 horas e paralisia nas extremidades é seguida por paralisia nos músculos respiratórios.
Pacientes com intoxicações graves podem apresentar coma profundo, pupilas fixas e não reativas, apneia e ausência de reflexos do tronco encefálico.
Os acidentados que sobrevivem à fase aguda da intoxicação (primeiras 24h), geralmente se recuperam sem sequelas, mas a melhora definitiva pode levar dias para ocorrer. O diagnóstico é baseado na história clínica e no relato de consumo alimentar.
Não há antídoto para a Ttx e o tratamento é voltado aos sinais e sintomas manifestados. Medidas de desintoxicação como lavagem gástrica e carvão ativado podem ser úteis em fases iniciais. Em casos graves, deve-se utilizar a ventilação mecânica e medicações ionotrópicas.
Tetrodotoxina
A intoxicação por baiacus possui alta taxa de mortalidade.
A tetrodotoxina é encontrada nas vísceras (especialmente gônadas, fígado e baço) e na pele do peixe. É uma toxina termoestável, que não sofre ação do cozimento, lavagem ou congelamento.
O nível da toxina é sazonal, e as maiores concentrações são encontradas nas fêmeas no pico da época reprodutiva, fazendo com que a ingestão dos peixes seja mais perigosa no momento anterior e durante o período reprodutivo.
A morte pode ocorrer devido a paralisia muscular, depressão respiratória e falência circulatória.
A toxina age bloqueando o lócus extracelular dos receptores de sódio, impedindo a despolarização e a propagação do potencial de ação nas células nervosas. Esta ação ocorre nos nervos periféricos motores, sensoriais e autonômicos. A toxina tem ainda ação depressora no centro respiratório e vasomotor do tronco encefálico.
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
URL: https://diariodasaude.com.br/print.php?article=intoxicacao-carne-baiacu
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