08/05/2023

Inseticidas piretroides associados a transtornos do neurodesenvolvimento

Redação do Diário da Saúde
Inseticidas piretroides associados a transtornos do neurodesenvolvimento
Segundo o Dr. James Burkett, pode ser sensato reduzir o nível seguro do pesticida para mulheres grávidas e crianças.[Imagem: The University of Toledo]

Riscos dos piretroides

A exposição a uma classe comum de inseticidas, chamados piretroides, pode aumentar o risco de autismo e outros distúrbios do desenvolvimento, mesmo em níveis atualmente considerados como seguros pela legislação.

Os piretroides são alguns dos inseticidas mais utilizados em todo o mundo, aparecendo tanto em produtos de consumo quanto em preparações industriais.

"Se você tem alguém que vem e borrifa em sua casa, provavelmente é isso que eles estão borrifando. Eles são usados em paisagismo, e é o que eles usam nos fumacês nas ruas contra os mosquitos. Está em toda parte," disse o Dr. James Burkett, da Universidade de Toledo (EUA). "Nosso estudo, no entanto, aumenta a evidência de que esses produtos químicos podem não ser tão seguros para crianças e mulheres grávidas quanto acreditávamos."

O interesse em uma possível ligação entre autismo e piretroides aumentou depois que vários estudos epidemiológicos documentaram taxas mais altas de distúrbios do desenvolvimento neurológico em áreas onde os pesticidas foram usados.

A equipe queria fundamentar melhor esses estudos de base populacional analisando mudanças comportamentais específicas atribuíveis à exposição de baixo nível aos piretroides. Para isso, eles trabalharam com animais de laboratório, expondo camundongos fêmeas grávidas a pequenas doses do inseticida piretroide deltametrina - antes, durante e imediatamente após a gravidez.

Sintomas de autismo e TDAH

Os filhotes desses animais apresentaram maior hiperatividade e comportamentos repetitivos, menos vocalização e eram mais propensos a falhar em testes básicos de aprendizado, em comparação com os controles. Os camundongos jovens também apresentaram problemas em seu sistema de dopamina.

"Todos estes sinais são semelhantes aos sintomas que os pacientes humanos com distúrbios do desenvolvimento neurológico podem ter," disse Burkett. "Não estamos dizendo que esses camundongos têm autismo ou TDAH. Esse não é o objetivo aqui. O que estamos dizendo é que algo em seu cérebro foi alterado por essa exposição e está resultando nos mesmos tipos de comportamento que vemos em crianças com autismo."

Os piretroides não são a única classe de pesticidas que têm sido associados ao autismo, e os cientistas geralmente concordam que o desenvolvimento da condição requer mais de um único gatilho.

"Esta pesquisa representa uma peça do quebra-cabeça. Não é uma prova definitiva de que o pesticida não é seguro ou causa diretamente o autismo em humanos," disse Burkett. "Mas pode indicar que o nível seguro do pesticida precisa ser revisto para mulheres grávidas e crianças."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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