16/04/2021

Implante auditivo mede audição diretamente pelas ondas cerebrais

Redação do Diário da Saúde
Implante auditivo avalia audição diretamente por ondas cerebrais
Os mais recentes implantes cocleares estão usando luz em lugar dos sinais elétricos.[Imagem: D. Keppeler et al. - 10.1126/scitranslmed.abb8086]

Medição objetiva da audição

Pesquisadores da Universidade Católica de Lovaina (Bélgica) conseguiram pela primeira vez medir as ondas cerebrais diretamente por meio de um implante coclear.

E eles estavam medindo justamente as ondas cerebrais que indicam o quão boa ou ruim é a audição de uma pessoa.

Esta é a primeira técnica prática e simples a gerar uma medição objetiva da audição, que não depende da avaliação da própria pessoa.

Isso é importante não apenas para o diagnóstico de doenças do ouvido, como também para o desenvolvimento de aparelhos auditivos melhores e mais inteligentes do que os atuais.

Audição medida no cérebro

Um implante coclear permite que pessoas com perda auditiva severa ouçam novamente. Para isso, um audiologista precisa ajustar o aparelho com base nas informações do usuário.

Mas nem sempre é fácil - pense em crianças que nascem surdas ou pessoas idosas com demência, que têm dificuldade ou não conseguem avaliar e comunicar o quão bem ouvem os sons, o que resulta em um implante que não fica perfeitamente ajustado à sua situação.

Uma possível solução é ajustar o implante com base nas ondas cerebrais, que contêm informações sobre como a pessoa processa os sons que ouve. Esse tipo de medição objetiva pode ser feito com um eletroencefalograma (EEG), por meio do qual eletrodos são colocados na cabeça.

No entanto, seria mais eficiente se o próprio implante pudesse registrar as ondas cerebrais para medir a qualidade da audição e, no futuro, ajustar-se automaticamente para prover sempre o melhor resultado.

Esta é a primeira vez que se mostrou que isso é realmente possível.

Implantes auditivos inteligentes

É o próprio professor Ben Somers, responsável pela inovação, quem descreve o funcionamento do aparelho e os ganhos que ele oferece.

"Usamos um implante experimental que funciona exatamente da mesma forma que um implante normal, mas com um acesso mais fácil aos seus componentes eletrônicos. Um implante coclear contém eletrodos que estimulam o nervo auditivo. É assim que os sinais sonoros são transmitidos ao cérebro.

"Em nossa pesquisa, conseguimos usar esses eletrodos implantados para registrar as ondas cerebrais que surgem em resposta ao som. É a primeira vez que se faz isso. Uma vantagem adicional é que, escolhendo cuidadosamente os eletrodos de medição corretos, podemos medir respostas cerebrais maiores do que o EEG clássico com eletrodos na cabeça.

"No futuro, poderá ser até possível que o implante auditivo se ajuste autonomamente com base nas ondas cerebrais registradas. Temos um longo caminho a percorrer antes disso, mas este estudo é um primeiro passo necessário. Com base em nossas descobertas, os fabricantes agora pode avançar no desenvolvimento de aparelhos auditivos inteligentes que melhorem a qualidade de vida das pessoas que os utilizam.

"Além das aplicações audiológicas, existem inúmeras outras possibilidades que vêm com a medição das ondas cerebrais. Pense em monitorar o sono, a capacidade de atenção ou a epilepsia, mas também, por exemplo, as chamadas interfaces cérebro-computador, que permitem controlar outros dispositivos com ondas cerebrais," concluiu Somers.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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