12/02/2010

Hormônio do crescimento não aumenta expectativa de vida

Redação do Diário da Saúde

Fonte seca

Pessoas com deficiência profunda de hormônio do crescimento humano (HCH) devido a uma mutação genética parecem viver tanto quanto as pessoas que produzem quantidades normais do hormônio.

Os resultados sugerem que o HCH pode não ser a "fonte da juventude" que alguns pesquisadores têm sugerido.

"Sem o HCH, essas pessoas continuam a viver uma vida longa e saudável e nossos resultados não parecem apoiar a noção de que a falta de HCH abrande ou acelere o processo de envelhecimento," diz Roberto Salvatori, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que fez a pesquisa em conjunto com cientistas brasileiros.

Efeitos do hormônio do crescimento sobre o envelhecimento

Os pesquisadores estudaram uma população incomum de pessoas de baixa estatura residentes na região de Itabaianinha, no estado de Sergipe. A equipe queria elucidar os resultados contraditórios dos estudos anteriores sobre os efeitos do HCH sobre o envelhecimento humano.

Alguns estudos têm sugerido que animais de laboratório cujos corpos não produzem ou não processam de forma eficiente o equivalente nos camundongos ao HCH humano têm um maior tempo de vida.

Por outro lado, outra pesquisa mostrou que pessoas com baixos níveis de HCH devido a lesões cirúrgicas ou danos por radiação na glândula pituitária, que produz o HCH, apresentam um maior risco de doença cardiovascular, um fator que pode encurtar o tempo de vida.

Estes pacientes também apresentam diminuição nos níveis de outros hormônios importantes que a hipófise produz, possivelmente confundindo os resultados.

Anões de Itabaianinha

Na tentativa de resolver as discrepâncias nas pesquisas sobre o eventual efeito anti-envelhecimento do HCH, Salvatori e seus colegas estudaram 65 pessoas de baixa estatura da região de Itabaianinha.

Cada membro deste grupo tem duas cópias de um gene mutante responsável pela liberação de HCH, levando a uma deficiência de HCH congênita grave. Todos os sujeitos do estudo têm características inconfundíveis da deficiência: estatura muito baixa, aparência facial infantil e vozes agudas.

Contudo, ao comparar o tempo de vida dos anões, inclusive vários já falecidos, os pesquisadores descobriram que as pessoas com deficiência de HCH vivem tanto quanto seus irmãos sem o problema genético.

Em relação à população em geral, os deficientes em HCH tiveram uma vida um pouco mais curta devido exclusivamente à mortalidade de cinco mulheres com idade inferior a 20 anos. Quando este subgrupo foi excluído da análise, o tempo médio de vida entre os anões e a população em geral é idêntico.

Hormônio do crescimento não afeta tempo de vida

Para saber se ter uma única cópia do gene do nanismo pode afetar o tempo de vida, os pesquisadores recrutaram voluntários nos locais de votação de Itabaianinha em um dia de eleição.

Como as pessoas com uma única cópia do gene têm estatura normal, os pesquisadores fizeram a análise genética por meio de amostras de saliva.

Na comparação entre o número de jovens (com idades entre 20 a 40 anos) e de idosos (com idades entre 60 a 80 anos) com uma única cópia do gene, os números foram praticamente idênticos, sugerindo que ser heterozigoto para este gene também não afeta a expectativa de vida.

No geral, estes resultados, publicados na edição de janeiro do Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, sugerem que os níveis de hormônio do crescimento não afetam a expectativa de vida de forma positiva ou negativa.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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