06/10/2017

Gestantes devem fazer vários exames de zika no pré-natal

Com informações da Agência Fapesp

Vírus insistente

Para uma gestante, fazer apenas um exame para verificar a infecção pelo vírus zika não é suficiente.

"Acompanhamos um grupo de gestantes com diagnóstico confirmado de zika e testamos sua urina ao longo de vários meses - com intervalos de aproximadamente uma semana. Em algumas dessas mulheres, a carga viral na urina sumia e depois voltava a aparecer," conta o professor Maurício Lacerda Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP).

Os testes moleculares para detecção do vírus zika - que permitem identificar o material genético do patógeno em fluidos corporais, como sangue, urina, sêmen e saliva durante a fase aguda da infecção - têm sido usados rotineiramente no pré-natal das gestantes com sintomas da doença.

Contudo, o estudo mostrou que o resultado negativo obtido em um único exame pode não ser suficiente para tranquilizar familiares e médicos.

Replicação na criança ou na placenta

O professor Maurício conta que, em uma das voluntárias estudadas, foi possível detectar o vírus por até sete meses. Em cinco mulheres, o resultado voltou a dar positivo para a presença do vírus mesmo após a carga ter zerado em exames anteriores. Em todos os casos, o patógeno desapareceu do organismo logo após o parto.

"Esses dados sugerem que, durante a gravidez, o vírus continua se replicando na criança ou na placenta - que servem de reservatório para o patógeno. Porém, a carga viral nos fluidos maternos é intermitente e muito baixa, quase no limiar da detecção", disse o médico, acrescentando que, nos casos em que o resultado do teste molecular der negativo, o ideal é repetir o exame pelo menos mais duas vezes, com intervalos não inferiores a uma semana.

Três das mulheres acompanhadas no estudo tiveram bebês com complicações provavelmente causadas pelo zika - dois apresentaram alterações nos testes de audição e um nasceu com um cisto no cérebro.

Não foi possível estabelecer uma correlação entre o número de vezes que o vírus foi detectado na mãe e a ocorrência de desfechos adversos. "Para isso serão necessários novos estudos com um número maior de participantes", disse Maurício.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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