07/01/2010

Extremistas são mais dispostos a defender suas opiniões publicamente

Redação do Diário da Saúde

A força dos extremos

As pessoas com opiniões relativamente extremas são mais dispostas a expor e compartilhar suas opiniões publicamente do que aquelas com visões mais moderadas, de acordo com um novo estudo.

O fundamental é que os extremistas têm necessidade de acreditar que mais pessoas compartilham suas opiniões do que acontece na realidade, descobriram os pesquisadores.

Os resultados podem oferecer uma explicação possível para o clima aguerrido e polarizado que os políticos normalmente passam, onde opiniões extremas, sejam liberais ou conservadoras, muitas vezes parecem dominar o cenário inteiro.

"Quando as pessoas com visões extremas alcançam esta falsa sensação de que elas estão em maioria, elas ficam mais dispostas a se expressar", afirma Kimberly Rios Morrison, da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos.

Extremistas que se acreditam maioria

E como as pessoas com visões extremas passam a acreditar que são a maioria?

Isso pode acontecer no interior de grupos que tendem a inclinar-se moderadamente em uma direção face a um determinado problema. Aqueles que tomam a versão extrema do ponto de vista do seu grupo podem acreditar que realmente representam o verdadeiro ponto de vista do grupo inteiro, diz Morrison.

Um exemplo são as opiniões sobre o uso de álcool entre estudantes universitários.

Em uma série de estudos, Morrison e seu colega Dale Miller descobriram que os estudantes universitários que eram extremamente pró-álcool tinham mais chances de expressar suas opiniões do que os outros, embora a maioria dos alunos pesquisados fossem moderados em suas opiniões sobre o uso do álcool.

"Os alunos que foram escandalosamente pró-álcool tenderam a pensar que sua opinião era muito mais popular do que realmente era," disse ela. "Eles pareciam assumir o estereótipo de que os estudantes universitários consomem muito álcool."

Minoria barulhenta

As pessoas com visões liberais mais extremas podem ser mais propensas do que outras para participar de protestos públicos e portar adesivos defendendo seus pontos de vista liberais, porque eles acham que a comunidade os apoia.

Nos estudos sobre o uso do álcool, a maioria dos estudantes pesquisados tendeu para o centro da escala - "muito a favor" de um lado e "muito contra" do outro - quando foram entrevistados individualmente.

Ao serem perguntados sobre sua disponibilidade em expressar publicamente suas opiniões, aqueles que estavam nos extremos da escala se mostraram muito mais dispostos - logo, os mais aguerridos estavam longe de representarem a maioria.

Sensação de maioria

No entanto, numa outra pesquisa, os cientistas adicionaram um truque: eles deram aos participantes dados falsos que indicavam que outros estudantes mantinham posições conservadoras, contra o consumo de álcool, contrariando o estereótipo comum de que os estudantes universitários geralmente são favoráveis - este é o fator considerado pelos estudiosos como garantidor de que os extremistas pró-álcool acreditam representar a maioria.

Quando viram esses dados forjados, os extremistas pró-álcool mostraram-se menos dispostos a expressar publicamente suas opiniões.

"É somente quando eles têm essa sensação de que são a maioria que os estudantes extremamente pró-álcool ficam mais dispostos a expressar suas opiniões sobre o assunto," disse Morrison.

Síndrome de minoria

No entanto, os estudantes que tinham visões mais extremos anti-álcool não estavam mais propensos a querer expressar seus pontos de vista, mesmo quando eles viram os dados sugerindo que a maioria dos seus colegas concordava com eles.

"Seus pontos de vista que eles estão em minoria podem estar tão profundamente enraizados que é difícil mudar apenas com base em nosso único experimento," disse ela.

Isto mostra que nem todos os extremistas sentem mais disposição em compartilhar suas opiniões - somente aqueles que acreditam representar a opinião do grupo.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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