25/11/2009

Exclusão digital de idosos: cientistas sugerem formas de inclusão

Redação do Diário da Saúde

Além dos preconceitos e convenções

Os avanços tecnológicos estão tornando a informação mais acessível e a vida mais fácil. Entretanto, para algumas pessoas, sobretudo os mais idosos, o progresso tecnológico pode ser de fato mais limitante.

Para fugir dos preconceitos e das convenções, os psicólogos Neil Charness e Walter Boot, da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, decidiram rastrear as reais dificuldades - de natureza orgânica - que atrapalham ou impedem os idosos de fazer uso pleno das novas tecnologias.

Dificuldade dos idosos com a tecnologia

De posse do levantamento, ficou mais fácil prescrever medidas que possam diminuir ou mesmo evitar a exclusão digital dos idosos. Segundo os psicólogos, a inclusão tecnológica da população mais idosa passa pela adoção de princípios que sejam sensíveis à idade.

São várias as alterações que a idade coloca que afetam o uso da tecnologia pelas pessoas mais idosas - dificuldades com a visão, com a audição, com o controle motor e com a cognição.

Especificamente, os mais idosos experimentam uma menor acuidade visual, menor percepção de cores e maior suscetibilidade à cintilação e ao brilho.

Eles também encontram grande dificuldade em ouvir sons mais agudos e sentem muita interferência de ruídos de fundo ou do ambiente. Nas questões motoras, condições como a artrite podem limitar o uso dos equipamentos.

O envelhecimento é também associado com uma desaceleração geral nos processos cognitivos, decréscimo da capacidade de memória e do controle da atenção, além de dificuldades com a manutenção de objetivos.

Idosos levam até duas vezes mais tempo do que os jovens para aprender conceitos novos.

Tecnologias para idosos

"Essas mudanças funcionais podem diminuir o desempenho e resultar em um maior número de erros quando os adultos interagem com tecnologias que não foram projetadas com suas capacidades em mente," explicam os autores do estudo, que acaba de ser publicado na revista médica Psychological Science.

Os psicólogos sugerem que os projetistas de sites - os web designers - evitem cores de fundo nas páginas que criem pouco contraste como o texto. É necessário também usar fontes maiores, minimizar a necessidade de rolagem das páginas e fornecer auxílios à navegação e mais auxílio.

Eles também recomendam que os projetistas passem por treinamentos que os introduzam às dificuldades perceptuais e às alterações cognitivas das pessoas mais idosas.

Tecnologia agindo a favor

Essas alterações deverão aliviar o estresse do aprendizado e do uso das novas tecnologias, mas não eliminarão de todo essas dificuldades: "É razoável assumir que a tecnologia continuará avançando rapidamente. Da mesma forma, o declínio de percepção, da cognição e das capacidades psicomotoras, continuará ocorrendo," dizem os pesquisadores.

Desta forma, embora as atuais recomendações possam melhorar dramaticamente a usabilidade da tecnologia para os adultos idosos, sempre haverá desafios a serem superados conforme surjam novas tecnologias.

Por outro lado, alguns avanços tecnológicos estão demonstrando possibilidades para incrementar as capacidades cognitivas da população conforme os indivíduos envelhecem, abrindo o caminho para que a própria tecnologia funcione como contrapeso às dificuldades que emergem.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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