13/06/2023

Excesso de luz visível violeta e azul pode causar efeitos danosos na pele

Com informações da Agência Fapesp
Excesso de luz visível violeta e azul pode causar efeitos danosos na pele
Se validados em seres humanos, estes resultados indicam que os filtros solares disponíveis, que protegem contra radiação ultravioleta, não oferecem proteção suficiente.[Imagem: Freepik]

Males da luz azul contra a pele

Não é apenas a faixa do ultravioleta que pode fazer mal à nossa saúde.

Cientistas da USP (Universidade de São Paulo) descobriram agora que a luz visível nas faixas violeta e azul pode ter um efeito tóxico para as células da pele dependendo do tempo de exposição.

Entre as possíveis consequências do excesso dessas cores estão a liberação de compostos oxidantes, lesões no DNA, danos em mitocôndrias e outras organelas e acúmulo do pigmento lipofuscina, que aumenta a sensibilidade celular à luz.

Segundo os cientistas, isso mostra que os filtros solares comercialmente disponíveis, que protegem contra radiação ultravioleta (UVB e UVA), não são suficientes para a proteção efetiva da pele.

Essa é primeira vez que são comparados os efeitos das diferentes faixas de luz visível em relação à fototoxicidade em queratinócitos - as células da pele responsáveis pela produção de queratina. Contudo, o estudo foi feito apenas em células em laboratório, não havendo ainda mensurações em seres vivos.

"Nosso artigo mostra que o azul de alta energia, que chamamos aqui de violeta, deveria ser um dos alvos importantes para o desenvolvimento de protetores solares. O violeta é bem próximo de 400 nanômetros, que é a linha que separa o UVA do visível. Essa linha não tem uma razão específica para a pele. Ela tem uma razão para os nossos olhos, porque temos receptores que 'enxergam' o violeta e o azul, mas não 'enxergam' o UVA. Porém, em termos de comprimento de onda e de efeito biológico, essas faixas da radiação são muito parecidas entre si," contou o professor Mauricio Baptista, coordenador da pesquisa.

Infelizmente, segundo os pesquisadores, a maioria das pessoas, incluindo profissionais de saúde, continua desconhecendo os efeitos da luz visível na pele, e a maioria das empresas que produz filtros solares desconsidera o fato de que a luz visível penetra mais profundamente na pele e induz desequilíbrios redox (entre substâncias oxidantes e antioxidantes) e outras respostas celulares semelhantes às induzidas por UVA.

Excesso de luz visível violeta e azul pode causar efeitos danosos na pele
Como o excesso de luz azul de telas acelera processo de envelhecimento, já estão em desenvolvimento óculos que filtram luz azul para nos proteger dos danos das telas.
[Imagem: Swanwick/Divulgação]

Sol e vitamina D

Tomar sol é saudável, e com benefícios que vão além da produção de vitamina D. Por exemplo, a luz visível exerce efeitos positivos, como regeneração tecidual e alívio da dor, e mesmo a radiação ultravioleta tem papéis benéficos, como, por exemplo, na própria síntese da vitamina D.

Tudo é uma questão de dose.

Segundo o pesquisador, só há problema quando as pessoas se sentem protegidas pelo filtro solar e abusam do tempo sob o Sol. Com o filtro, elas podem estar protegidas contra a radiação ultravioleta, mas não contra a luz visível.

Um indicador de que algo não vai bem com a atual recomendação e linha de produtos de filtros solares é que, apesar dos esforços para a detecção precoce e prevenção do câncer de pele, a prevalência desse câncer vem aumentando sistematicamente no mundo.

Os raios UVB são os mais deletérios para o ser humano porque são absorvidos pelo DNA e o efeito fotoquímico é mais direto. No caso da luz visível, a fotossensibilização é indireta e depende dos vários fotossensibilizadores endógenos presentes na pele humana, que absorvem a radiação e geram oxidantes reativos. Os fotossensibilizadores são principalmente vitaminas, coenzimas e outros cofatores, incluindo flavina, ácido fólico, nicotinamida, porfirinas e seus derivados, e pigmentos endógenos como melanina e lipofuscina.

A suscetibilidade de células, tecidos e organelas a danos causado pela radiação solar depende da presença e da concentração desses fotossensibilizadores endógenos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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