02/06/2015

Exame feito com folha de papel dá resultado no celular

Com informações da Agência USP
Exame feito com folha de papel dá resultado no celular
Os dispositivos são descartáveis, têm baixo custo e são fáceis de usar, com o resultado podendo ser lido em um celular.[Imagem: Ag.USP]

Autoexame

Coletar uma amostra da própria urina ou suor, colocá-la em uma folha de papel especial e fazer a leitura do diagnóstico e monitoramento de doenças, como diabetes, pelo celular.

Pode parecer uma situação futurística, mas é uma técnica de autoexame clínico já existente e em desenvolvimento há mais de seis anos por pesquisadores do Instituto de Química da USP em São Carlos (IQSC).

Giorgio Morbioli e Emanuel Carrilho aprimoraram as funcionalidades desse papel com reagentes - chamado dispositivo microfluídico analítico baseado em papel - permitindo maior tempo de durabilidade do dispositivo até a realização do teste clínico.

Outra inovação da dupla foi desenvolver um software para a análise dos resultados pelo celular. O foco da pesquisa de Morbioli foi o diabetes, mas a técnica pode ser utilizada para outras doenças, como periodontite, nefrite, câncer de próstata, etc.

Exames não-invasivos

Os microdispositivos permitem que as pessoas façam exames clínicos sozinhas, a baixo custo e de forma não-invasiva.

Segundo os pesquisadores, isto é possível porque as amostras utilizadas são de fluidos biológicos obtidos de maneira não-invasiva, como lágrimas, urina, suor e saliva. Os fluídos são colocados nos dispositivos, que contêm reagentes, e fornecem as análises das amostras.

"Os dispositivos microfluídicos analíticos baseado em papel são feitos em papel de laboratório, que difere do papel comum por ser composto apenas por celulose. O papel recebe aplicações de cera para se criar regiões hidrofóbicas (que repelem água)", afirma Morbioli.

No papel, também são aplicados reagentes químicos, que serão os responsáveis por interagir com as amostras dos fluídos biológicos. "Esses caminhos construídos no papel com a cera agem como barreiras para guiar a amostra até as áreas específicas onde estão os reagentes. A reação entre amostra e reagente leva a alterações de cor que podem ser percebidas a olho nu, por exemplo, quanto mais colorido o papel, mais reagente tem a amostra", detalha o pesquisador.

Ainda não há previsão de colocação dos autoexames de papel no mercado, o que dependerá de negociações com empresas que se mostrem interessadas em comercializar o invento.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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