10/10/2012

Entusiasmo com tecnologia é maior entre professores que entre alunos

Redação do Diário da Saúde
Estudantes preferem
Os alunos afirmaram preferir professores capacitados para apresentar as matérias de forma envolvente e entusiasmadora - o uso dos computadores não importa tanto. [Imagem: Concordia University]

Impressões invertidas

Pesquisadores da Universidade de Concórdia, no Canadá, fizeram uma descoberta surpreendente.

Estudantes preferem o modelo tradicional de aula, baseado em exposições e leitura, do que o uso das chamadas "novas mídias", o que inclui a exploração de aplicativos como Twitter, blogs e e-mails.

A descoberta contesta um grande entusiasmo dos educadores e professores com a exploração das redes sociais e outras técnicas de comunicação via internet no processo educacional.

O estudo é parte de uma avaliação do sistema educacional canadense, realizado por um conjunto de 12 universidades.

Velha e boa escola

O estudo envolveu 15.020 estudantes e 2.640 professores, que avaliaram suas preferências em termos da estrutura dos cursos e da percepção da utilidade dos diferentes métodos de ensino.

A avaliação levou em conta o nível de "conhecimento tecnológico" dos participantes, ou seja, o nível em que eles se sentem capazes de usar as novas mídias e o uso que eles efetivamente fazem dessas novas mídias.

Os resultados surpreendentes mostraram que os alunos valorizam mais a abordagem conhecida literalmente como "velha escola", o que inclui aulas expositivas, palestras e leituras.

"Na realidade, aulas envolventes e estimulantes, independentemente de como as tecnologias são usadas, são o que realmente prevê a valorização de um curso universitário específico por seus alunos," explica Magda Fusaro, que coordenou o estudo juntamente com seu colega Vivek Venkatesh.

Outro estudo, realizado na mesma Universidade, e publicado recentemente, já fazia alertas sobre o uso das tecnologias em sala de aula.

Professores querem tecnologia, alunos querem professores

Outra surpresa revelada pelo estudo é que o entusiasmo com o uso da tecnologia em sala de aula é muito maior entre os professores do que entre os alunos.

"Nossa análise mostrou que os professores acham que seus alunos se sentem melhor em relação à sua experiência de aprendizagem em sala de aula se houver mais interatividade e atividades baseadas em discussões," comentou Fusaro.

Mas os alunos não concordam com isso, e afirmaram preferir professores capacitados para apresentar as matérias de forma envolvente e entusiasmadora - o uso dos computadores não importa tanto, afirmaram eles.

Surpresa inesperada

Uma última surpresa é a própria surpresa demonstrada pelos pesquisadores com o resultado.

As conclusões não impressionam quando se leva em conta que computadores, projetores e apresentações animadas são novidades para uma faixa etária condizente com a de professores - mas não com a faixa etária dos estudantes, uma vez que toda essa tecnologia já existia quando eles nasceram.

Assim, um professor que se entusiasma ao apresentar seu material em um projetor, em vez de usar um giz no quadro negro, não pode esquecer de que o aluno pode ter um equipamento similar em casa.

E que, como aluno, ele está concentrado no conteúdo que o professor prometeu passar, e espera por isso - e não em "curtir" a tecnologia.

De qualquer forma, como a educação é planejada pelos educadores - todos mais "maduros" -, os pesquisadores disseram acreditar que seus resultados terão um grande impacto, especialmente em termos do desenho dos currículos.

Segundo eles, o grande número de estudantes e professores envolvidos em seu estudo significa que as conclusões são aplicáveis a outras populações com nível educacional e acesso à tecnologia similares.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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