06/05/2020 Estresse remodela fisicamente o cérebroRedação do Diário da Saúde
Outro efeito fisiológico já conhecido explica como o estresse faz os cabelos ficarem brancos.[Imagem: Hsu Laboratory/Harvard University]
Remodelando o cérebro Já se sabia que mudanças no cérebro podem ser induzidas voluntariamente, o que inclui alterações na estrutura do cérebro induzidas pela meditação, abrindo caminho para que se possa transformar o cérebro por meio de treinamentos adequados. Assim, não deveria ser surpresa que o estresse também altera a estrutura física do cérebro, como se acaba de comprovar. E não se trata de uma notícia exatamente ruim: A descoberta desse processo fisiológico revela um potencial alvo terapêutico para prevenir ou até reverter essa plasticidade cerebral indesejada. Neurobiologia do estresse Trabalhando em um modelo de camundongo, Si-Qiong June e sua equipe de pesquisa da Universidade da Louisiana (EUA) descobriram que um único evento estressante produz mudanças rápidas e duradouras nos astrócitos, as células cerebrais que limpam os mensageiros químicos chamados neurotransmissores após a comunicação de informações entre os neurônios. O episódio estressante fez com que os "galhos" dos astrócitos se afastassem das sinapses, os espaços através dos quais as informações são transmitidas de uma célula nervosa para outra. A equipe também descobriu um mecanismo que resultou na interrupção da comunicação: Durante um evento estressante, a noradrenalina, conhecida como hormônio do estresse, suprime uma via molecular que normalmente produz uma proteína, a GluA1, sem a qual as células nervosas e os astrócitos não podem se comunicar. "O estresse altera a função cerebral e produz mudanças duradouras no comportamento e na fisiologia humana," disse a professora Siqiong Liu. "A experiência de eventos traumáticos pode levar a distúrbios neuropsiquiátricos, incluindo ansiedade, depressão e dependência de drogas. A investigação da neurobiologia do estresse pode revelar como o estresse afeta as conexões neuronais e, portanto, a função cerebral. Esse conhecimento é necessário para o desenvolvimento de estratégias para prevenir ou tratar essas desordens neurológicas relacionados ao estresse, que são tão comuns." O estresse pode atrapalhar até a audição. [Imagem: Viviane B. de Góes] Tratamento para o estresse Como os astrócitos podem modular diretamente a transmissão sináptica e estão criticamente envolvidos no comportamento relacionado ao estresse, impedir ou reverter a alteração induzida pelo estresse nos astrócitos é uma maneira potencial de tratar distúrbios neurológicos relacionados. "Nós identificamos uma via molecular que controla a síntese da GluA1 e, portanto, a remodelação dos astrócitos durante o estresse. Isso sugere novos alvos farmacológicos para possível prevenção ou reversão de alterações induzidas por estresse," disse a pesquisadora. Ela acrescenta que, como muitas vias de sinalização são conservadas ao longo da evolução, as vias moleculares que levam ao remodelamento estrutural dos astrócitos e à supressão da produção de GluA1 também podem ocorrer em humanos que experimentam um evento estressante, mas a validade da hipótese terá que ser testada antes em humanos. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br/print.php?article=estresse-remodela-fisicamente-cerebro A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |