19/04/2022

Ante a incerteza, nossas escolhas ficam confusas - mas isso pode ser bom

Redação do Diário da Saúde

Expectativas e decisões

Estamos constantemente tomando decisões em nossas vidas, desde escolher por qual porta entraremos em uma loja até escolher um lugar para morar ou uma companhia com quem viver.

Tipicamente temos expectativas sobre o resultado do que vamos fazer e essas expectativas impulsionam nossas escolhas.

Mas, e se ficarmos em dúvida sobre uma situação, ou se formos surpreendidos por um resultado que mostra que nossas expectativas não estão mais corretas?

Thomas Meindertsma, da Universidade de Amsterdã, foi buscar no cérebro os sinais de como lidamos com a incerteza e a surpresa ao tomar decisões.

"Nós sempre temos expectativas sobre como o mundo funciona e sobre o possível resultado das nossas decisões. Baseamos essas expectativas em experiências anteriores e em nosso conhecimento do mundo, como as leis naturais e a regularidade. Se algo grande cair pela janela, por exemplo, ele sempre vai direto para baixo, então você decide se afastar.

"Em situações incertas, ficamos mais confusos em nossas escolhas. Mas isso também leva à exploração, o que nos ajuda a nos adaptar a um novo ambiente," disse o pesquisador de neurociência cognitiva.

Medindo a incerteza e a surpresa no cérebro

Meindertsma conseguiu que os participantes realizassem uma tarefa dentro de um scanner que mede a atividade cerebral. Usando uma câmera, ele também monitorou o tamanho da pupila de cada um, um indicador do estado de excitação do cérebro. Finalmente, as duas medições foram vinculadas às escolhas feitas pelos voluntários durante a execução de suas tarefas.

"Usando um modelo de computador, imitamos o processo de escolha dos voluntários do teste e conseguimos determinar quão surpreendente era o resultado de uma decisão e que efeito isso tinha sobre eles. Por exemplo, eles podem ter ficado surpresos porque uma certa regularidade ou a estrutura da tarefa de repente se desviou da norma. Os voluntários construíram expectativas durante a execução da tarefa, mas de repente encontraram um resultado inesperado. Quando foram surpreendidos dessa maneira, o cérebro tornou-se mais ativo e eles começaram a adaptar seu método de tomada de decisão," contou o pesquisador.

Meindertsma considera o efeito de expectativas incertas na tomada de decisão como o resultado mais marcante de sua pesquisa.

"Se as pessoas estão incertas ou surpresas com um resultado, isso pode influenciar diretamente na sua próxima escolha. Isso muda o estado do cérebro e as expectativas e, por decorrência, as decisões são ajustadas," disse ele.

Confusão

Os dados mostraram que, nessas situações incertas, as pessoas se tornam "mais confusas" em suas escolhas. As coisas ainda estão armazenadas no cérebro, mas o processo de seleção torna-se cada vez mais "ruidoso".

"As pessoas vão fazer suas escolhas de forma menos focada. Assim, aplicamos mal nossas previsões, baseadas em experiências e escolhas anteriores, quando estamos em uma situação nova. É como seu cérebro ajuda você a se adaptar a uma nova situação," detalhou o pesquisador.

Mas Meindertsma destaca que o processo de "ruído e confusão" pode ser benéfico. A incerteza é um sinal de que nossas expectativas podem não estar mais corretas e que não devemos nos apoiar muito nelas. Você precisa procurar uma estratégia alternativa e olhar em volta para ver o que mais pode fazer. A confusão na tomada de decisões permite a exploração de outras opções que também podem resultar positivas.

Portanto, é bom saber que as decisões um tanto aleatórias que você às vezes toma em situações incertas podem ser úteis. "Essas decisões aleatórias também têm uma função e podem produzir algo que de outra forma não estaria lá. Então você precisa valorizá-las," concluiu o pesquisador.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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