12/04/2010

Cuidado com prematuro deve ser ampliado após saída do hospital

Rosemeire Soares Talamone

Bebê saído da UTI

Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP revela as dificuldades e vulnerabilidades enfrentadas pelas famílias de prematuros egressos de Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).

O estudo evidencia a necessidade de ampliação do cuidado, a importância da longitudinalidade da atenção à saúde e da integração entre os saberes técnico-científicos e os práticos.

"Mesmo tendo passado seus primeiros dias em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal e adquirido condições de sobreviver fora do ambiente hospitalar, essas crianças precisam de cuidados integrais e contínuos, em especial na interação entre família e serviços de saúde", recomenda a enfermeira Cláudia Silveira Viera, autora do estudo que foi premiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em 2009.

Bebês prematuros

O estudo teve como objetivo compreender as experiências de famílias de crianças pré-termo (prematuros) e de baixo peso ao nascer, egressas de UTIN, no cuidado após a alta hospitalar.

A ideia, segundo a pesquisadora, é oferecer subsídios ao cuidado de enfermagem tanto na área hospitalar quanto na atenção básica em saúde.

Os avanços tecnológicos alavancaram a melhoria da assistência nessas unidades e hoje é maior o número de recém-nascidos pré-termo e de baixo peso que sobrevivem.

Consolidar o SUS

Cláudia fez a pesquisa com 16 integrantes de seis famílias na cidade de Cascavel, no interior do Paraná. Para ela, é importante uma reconstrução das práticas de saúde em vários âmbitos.

"O profissional da saúde precisa avaliar a criança e conhecer sua família para ultrapassar o conhecimento técnico e incorporar a integralidade do cuidado. Só assim, vai vencer as barreiras apresentadas nos serviços de saúde, que precisam estar inseridos em rede para consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS)", avalia.

Cuidados com prematuros

As famílias dessas crianças, principalmente as mães, apresentam dificuldades com a rotina de cuidados, amamentação, alimentação, higiene, observação de sinais e sintomas, uso de medicamentos, os retornos aos serviços de saúde e, ainda, insegurança e receios com a prematuridade.

Esses aspectos podem comprometer o desenvolvimento e crescimento da criança prematura e de baixo peso, porque contribuem para a não detecção precoce de distúrbios e a não adesão ao acompanhamento à saúde, além de levar a morbimortalidade. Por isso, os serviços de saúde precisam se organizar em rede e oferecer um seguimento qualificado, com maiores interfaces entre os serviços especializados e a atenção básica.

De acordo com a professora Débora Falleiros de Mello (EERP), orientadora da pesquisa, o sistema de saúde ainda tem lacunas para atender essa clientela, que são crianças com características específicas.

"O acompanhamento dessas crianças após a alta da UTIN é uma estratégia relativamente recente no nosso País e que ainda não está amplamente fortalecida. Particularmente na enfermagem brasileira, onde as experiências para o seguimento de pré-termos e egressos da UTIN têm sido pouco divulgadas e restritas a determinados serviços. É preciso que se amplie as discussões do ponto de vista de um cuidado integral à saúde da criança e sua família", afirma a orientadora.

UTI neonatal

O primeiro contato com um dos membros da família foi realizado ainda na UTIN, em geral com a mãe.

Após a alta, as famílias que consentiram participar da pesquisa foram visitadas e as mães indicavam as pessoas significativas para ela e para o cuidado com o seu filho, tais como pais, irmãos, tios, tias, avós e vizinhos. As visitas aconteceram a partir da primeira semana após a alta hospitalar, semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente no segundo mês e uma no terceiro mês.

Participaram bebês com idade gestacional menor que 37 semanas e baixo peso ao nascer. Foram realizadas entrevistas gravadas e observação participante com registros em diário de campo.

Como cuidar do filho em casa

A questão norteadora da pesquisa foi: "como tem sido cuidar do seu filho em casa?".

Na cidade de Cascavel está sendo implementado o seguimento de enfermagem junto à equipe do Hospital Universitário para atendimento das crianças pré-termo e de baixo peso após a alta hospitalar.

"O atendimento proposto inclui visitas com orientações e intervenções, avaliação das necessidades das famílias e do bebê, comunicação interinstitucional com os profissionais da atenção básica e outros setores sociais".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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