18/12/2009

Criada super batata que serve para fazer alimento, papel e tecidos

Redação do Diário da Saúde
Criada super batata que serve para fazer alimento, papel e tecidos
A super batata foi isolada dentre 2.748 mudas mutantes - apenas uma delas continha a estrutura genética que os pesquisadores queriam, uma batata capaz de produzir apenas o amido amilopectina.[Imagem: IME]

Super batata

Pesquisadores alemães criaram uma "super batata", uma batata geneticamente modificada para conter exclusivamente o amido amilopectina.

A super batata pode servir não apenas como fonte de amidos nutricionais para adição em sopas e sobremesas, como também pode ser usada como pasta e como revestimento na fabricação de papel e fibras para tecidos.

A batata foi produzida por um processo chamado Tilling - Targeting Induced Local Lesions in Genomes - um processo de cultivo que os pesquisadores querem usar para acelerar a evolução natural das espécies.

Aceleração da evolução

Na natureza, o processo evolutivo ocorre muito lentamente. Por meio da mutação e da seleção, plantas e animais modificam-se e adaptam-se a mudanças no ambiente. Ao longo de gerações, desenvolvem-se espécies que, devido à sua genética, são melhor adaptadas as condições ambientais. As outras simplesmente extinguem-se.

Ao longo de milênios, os humanos têm usado esse processo evolutivo em seu próprio benefício, cultivando espécies de plantas mais produtivas e mais rentáveis.

O novo processo de "aceleração da evolução" opera da mesma forma, só que a taxa de mutação é acelerada. "Com o auxílio de compostos químicos, um grande número de mutações pode ser obtido rapidamente," diz o Dr. Jost Muth, do Instituto de Biologia Molecular e Ecologia Aplicada.

"Nós estamos trabalhando aqui com princípios naturais. Na natureza, a luz do Sol induz alterações no genoma. Com a química, nós fazemos a mesma coisa, só que mais rapidamente," diz ele.

Cultivando mutantes

Depois de geradas, as sementes mutantes são cultivadas. A colheita começa assim que surgem as primeiras folhas. Os pesquisadores pegam uma amostra da folha, quebram sua estrutura celular, isolam seu genoma e o analisam. Desta forma, em poucas semanas, eles sabem se aquela mutação contém as características que eles querem desenvolver.

A super batata foi isolada dentre 2.748 mudas mutantes - apenas uma delas continha a estrutura genética que os pesquisadores queriam, uma batata capaz de produzir apenas o amido amilopectina.

A partir dessa muda inicial, os pesquisadores criaram a primeira geração de super batatas. Elas contêm o gene responsável pela fabricação da amilopectina, mas os genes que induzem a formação da amilose estão desativados.

Amilose e amilopectina

"Até agora, as batatas sempre contiveram os dois tipos de amido. A indústria tem que separar a amilopectina da amilose, um processo caro e que usa muita energia," diz o pesquisador. "Com as batatas Tilling, esse processo se tornou supérfluo."

Os pesquisadores já colheram 100 toneladas da super batata, que estão sendo testadas em várias indústrias, incluindo fábricas de alimentos, tecidos e papel.

Embora a tecnologia genética seja vista como útil e importante do ponto de vista econômico, os cientistas concordam que a manipulação dos genes deve ser feita com cuidado. "Quando se trata de lidar com genes, há uma regra simples: fazer as modificações necessárias, mas sempre o mínimo possível," conclui Muth.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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