12/09/2012

Contaminantes ambientais pioram memória e tolerância ao estresse

Com informações da Agência Fapesp

Contaminantes ambientais

Ao analisar uma amostra de 130 idosos saudáveis, pesquisadores brasileiros verificaram que aqueles com níveis mais altos de contaminantes ambientais no sangue se saíam pior em testes de estresse e de desempenho cognitivo.

Foram medidos os teores de chumbo, cobre, zinco, cádmio e substâncias organocloradas usadas no passado como pesticidas, entre elas o policloreto de bifenila.

Em seguida, os voluntários foram divididos em dois grupos: um com níveis de contaminantes acima da mediana e outro com níveis abaixo desse valor.

"Todos apresentaram dosagens inferiores ao limite considerado seguro para a saúde humana. Ainda assim, o grupo com teores acima da mediana se saiu pior nos testes," contou Deborah Suchecki, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Cortisol

Para avaliar o estresse dos voluntários, os pesquisadores mediram o cortisol - considerado o hormônio do estresse - em situação basal, ou seja, ao longo do dia, e após um evento estressor.

Um teste padronizado que inclui tarefas como falar em público e fazer cálculos matemáticos mentalmente foi usado para induzir a situação de estresse agudo.

Em seguida, foram aplicados testes para avaliar a memória de curto e de longo prazo, a atenção e a fluência verbal dos voluntários.

As diferenças mais significativas foram percebidas nos idosos com níveis mais altos de chumbo, cobre e organoclorados.

Contaminação por metais

O grupo com teores de chumbo acima da mediana, que foi de 2 microgramas por decilitro (µg/dl), apresentou secreção de cortisol basal 1,3 vez maior que os demais. O desempenho nos testes de fluência verbal, por outro lado, foi 1,3 vez menor.

"Nesse caso, o limite considerado seguro para a saúde humana, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, é de 10 µg/dl. O valor está sendo revisto e já caiu para 5 µg/dl em crianças. Mas estudos têm mostrado que mesmo doses menores podem causar prejuízo", disse Juliana Talarico, da USP.

Voluntários com níveis de cobre acima de 116 µg/dl apresentaram secreção de cortisol ao estresse agudo 1,9 vez menor que a do outro grupo e desempenho 1,3 vez menor nos testes de memória.

No caso das substâncias organocloradas, quanto maior foi a concentração no sangue, menor foi a secreção de cortisol basal e pior o desempenho da memória.

"Nossos resultados apontam uma associação estatisticamente significativa, mas não foi uma associação forte. Isso sugere que há outras variáveis influenciando", avaliou Juliana.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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