21/07/2020

Cientistas restauram a visão de animais cegos

Redação do Diário da Saúde
Cientistas restauram a visão de animais cegos
As nanopartículas se alojam abaixo da retina, ativando as células fotorreceptoras sem entrar em seu interior. [Imagem: José Fernando Maya-Vetencourt et al. - 10.1038/s41565-020-0696-3]

Restauração da visão

Uma equipe internacional de cientistas desenvolveu uma prótese de retina artificial baseada em nanopartículas que pode ser injetada no olho.

A aplicação do material permitiu que ratos cegos tivessem sua visão restaurada por 8 meses - um período de vida significativo da vida dos animais - sem a necessidade de cirurgia.

O objetivo a longo prazo da pesquisa é tratar condições como as distrofias hereditárias da retina e a degeneração macular relacionada à idade, que estão entre as causas mais comuns de cegueira e que têm sido muito difíceis de tratar.

As próteses retinianas mais modernas têm sido desenvolvidas para estimular a rede retiniana, mas a falta de sensibilidade, a baixa resolução e a necessidade de fiação ou câmeras externas limitam bastante sua aplicação.

Os pesquisadores demonstraram que as nanopartículas de polímero conjugado (P3HT-NP) podem mediar a estimulação evocada pela luz dos neurônios da retina e recuperar consistentemente as funções visuais.

Para alcançar este resultado, as nanopartículas foram injetadas por baixo da retina dos animais que sofriam de retinite pigmentosa.

"No modelo que estudamos, as nanopartículas estimularam a ativação dependente da luz dos neurônios internos da retina intactos, recuperando respostas visuais sem inflamação da retina. Dado que eles atingiram a sensibilidade à luz após uma única injeção e com potencial para alta resolução espacial, as nanopartículas fornecem um novo caminho a seguir nas próteses da retina, com aplicações potenciais não apenas no caso da retinite pigmentosa, mas também na degeneração macular relacionada à idade," explica o professor Mattia Bramini, do Instituto Italiano de Tecnologia.

Recuperação da retina

Quando microinjetadas nos olhos dos ratos cegos, as nanopartículas se espalharam ampla e consistentemente por todo o espaço abaixo da retina, sem induzir reações inflamatórias significativas.

Após apenas uma única injeção, as nanopartículas recuperaram o comportamento fisiológico da retina à luz, bem como a atividade do córtex visual e da acuidade visual, em níveis indistinguíveis dos de ratos saudáveis. Este efeito durou até 8 meses - um rato de laboratório pode viver até quatro anos.

"Além disso, as nanopartículas medem 300 nanômetros de diâmetro, o que lhes permite permanecer extracelulares aos neurônios, mantendo alta biocompatibilidade," explicou Bramini.

Uma das principais vantagens da nova solução é a maior resolução espacial que as nanopartículas oferecem em comparação com as próteses bidimensionais existentes.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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