04/04/2019

Cientistas identificam origem do espalhamento do câncer

Redação do Diário da Saúde
Cientistas identificam origem do espalhamento do câncer
Era para essas células estarem morrendo, mas elas se reenergizam e acabam funcionando como células-tronco cancerígenas. [Imagem: University of Salford/Divulgação]

Gatilho do câncer

Em uma descoberta promissora, cientistas alegam que seus últimos resultados "reescrevem o que sabemos sobre o processo de crescimento do câncer".

"Se, como acreditamos, encontramos o começo da estrada, talvez tenhamos que pressionar o botão de reset sobre como tratamos o câncer com medicamentos," disse o professor Michael Lisanti, da Universidade de Salford (Reino Unido), que fez a descoberta juntamente com seus colegas Federica Sotgia e Marco Fiorillo.

O trabalho do grupo oferece novas evidências de que as células-tronco cancerígenas são altamente proliferativas e impulsionadas pela função mitocondrial.

"Os cientistas falam sobre o câncer sendo causado por células morrendo que voltam à vida, as chamadas 'células zumbis'," explica Lisanti. "Agora vimos que é mais dramático do que isso. Na verdade, [o processo] pode ser descrito com mais precisão como uma fuga da prisão. Em outras palavras, essa célula original sai da linha e foge, multiplicando células malignas e criando um tumor."

Células que vencem o envelhecimento

Usando técnicas de autofluorescência, a equipe isolou as células mais energéticas em uma série de linhagens celulares de câncer derivadas de tumores de mama humanos.

Eles descobriram que as células-tronco cancerosas mais dinâmicas, representando 0,2% da população de células, tinham características especiais, com significativamente mais energia do que as células cancerígenas comuns.

A equipe então comparou o 'desempenho' das diversas células em termos de hiperfunção mitocondrial, taxa de proliferação e um fator que eles chamam de "stemness" - se a célula é capaz de agir como uma célula-tronco e criar um tumor.

Os resultados mostraram que as células apresentam características de senescência com um biomarcador chamado p21-WAF aumentado em aproximadamente 17 vezes nessas células-tronco cancerígenas.

"Se perguntarmos de onde vêm essas células, as evidências indicam que elas emergem de células senescentes (em processo de morte)," disse a professora Sotgia. "Elas exibem marcas de senescência, mas não são mais senescentes, romperam a senescência."

Rever as quimioterapias

A explicação para esse fenômeno parece estar em como as células se tornam re-energizadas. Elas podem ter usado antioxidantes e energia mitocondrial para se liberarem e, assim, reverter a parada do ciclo celular que as levaria à morte.

Se esse resultado se confirmar, várias quimioterapias terão que ser repensadas, segundo a equipe. Além disso, a descoberta reforça temores anteriores de que, em vez de serem agentes sempre benéficos e benignos, os antioxidantes podem causar câncer.

"É como encontrar a proverbial agulha em um palheiro, e isso nos dá uma nova janela sobre o câncer e como podemos pará-lo. A maioria dos pacientes com câncer morre devido à disseminação de células tumorais para locais distantes, conhecida como metástase. A evidência é cada vez maior de que as células-tronco cancerosas metastáticas, alimentadas pelas mitocôndrias, são as responsáveis por isso.

"No entanto, a maioria das quimioterapias alveja as células cancerígenas. Algumas quimioterapias fazem com que as células-tronco cancerosas proliferem ainda mais," disse o professor Lisanti.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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