Cientistas criam animais de laboratório com superaudição

Os roedores não apenas ouvem normalmente, mas processam sons de maneira extraordinária - mas suas orelhas têm tamanho normal. .[Imagem: Gerado por IA/DALL-E]

Superaudição

Há alguns anos, pesquisadores curaram a surdez causada por ruído excessivo em um experimento histórico, feito em cobaias.

Agora, a mesma equipe usou a neurotrofina-3 (Ntf3) para criar camundongos com audição supernormal, o que pode abrir novas perspectivas para o tratamento da perda auditiva em humanos. Graças a essa molécula, os roedores não apenas ouvem normalmente, mas processam sons de maneira extraordinária.

A neurotrofina-3 atua aumentando o número de sinapses entre as células ciliadas internas e os neurônios auditivos. As células ciliadas internas, localizadas na cóclea, desempenham um papel crucial na conversão das ondas sonoras em sinais elétricos que são então transmitidos ao cérebro através dessas sinapses.

"Mostramos que animais com sinapses extras no ouvido interno têm limiares normais - o que um fonoaudiólogo chamaria de audição normal - mas podem processar informações auditivas de maneiras supernaturais," disse o professor Gabriel Corfas, da Universidade de Michigan (EUA).

A brasileira Beatriz Borges foi uma das líderes do estudo.

Recuperação da audição

Os pesquisadores usaram um teste chamado Inibição de Gap-Pré-pulso para medir a capacidade dos camundongos de detectar estímulos auditivos muito breves - este teste está relacionado ao processamento auditivo em humanos.

Os camundongos com menos sinapses precisaram de um intervalo de silêncio mais longo para detectar o som de teste. Os camundongos com sinapses aumentadas apresentaram uma capacidade superior de processar essas informações, identificando sons individuais mesmo separados por um intervalo muito menor.

Os resultados apoiam todas as teorias sobre a relação entre a densidade de sinapses e a perda auditiva oculta em humanos. A perda auditiva oculta é uma condição na qual as pessoas têm dificuldade em compreender a fala ou distinguir sons na presença de ruído de fundo, apesar dos resultados normais nos testes auditivos padrão.

Ou seja, a pesquisa abre novas possibilidades para o tratamento dos distúrbios auditivos, sendo útil para preservar as sinapses existentes, regenerar as perdidas e até aumentar o número de sinapses para melhorar o processamento auditivo.

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