14/11/2019

Ciência comprova que o que não mata te fortalece

Redação do Diário da Saúde
Ciência comprova que o que não mata te fortalece
A pesquisa não contradiz o Efeito Mateus, mas sugere um caminho complementar para aqueles que experimentaram um fracasso inicial. [Imagem: Pixabay]

O que não mata fortalece

Cientistas acreditam ter estabelecido uma relação causal entre fracasso e sucesso futuro, provando o ditado do filósofo alemão Friedrich Nietzsche de que "o que não me mata me fortalece".

Os pesquisadores utilizaram análises avançadas para avaliar a relação entre falhas e sucesso no ambiente profissional para jovens cientistas.

Eles descobriram, em contraste com suas expectativas iniciais, que o fracasso no início da carreira leva a um maior sucesso a longo prazo para aqueles que não desistem.

"A taxa de desgaste pela pressão sistemática aumenta para aqueles que fracassam no início de suas carreiras," disse o professor Yang Wang, da Universidade Northwestern (EUA). "Mas aqueles que se destacam, em média, têm um desempenho muito melhor a longo prazo, sugerindo que, se não lhe mata, realmente lhe fortalece."

Esses resultados fornecem uma contra-narrativa para o chamado "Efeito Mateus", que postula uma teoria de que "os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres" porque o sucesso gera mais sucesso - o termo foi cunhado pelo sociólogo Robert K. Merton e deriva seu nome da parábola dos talentos, no evangelho segundo Mateus.

"Acontece que, historicamente, embora tenhamos sido relativamente bem-sucedidos em identificar os benefícios do sucesso, não conseguimos entender o impacto do fracasso," destacou Dashun Wang.

Comparando sucesso e fracasso

Os pesquisadores analisaram registros de cientistas que, no início de suas carreiras, solicitaram financiamentos para pesquisas do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH) entre 1990 e 2005. Eles utilizaram as pontuações de avaliação do NIH para separar os postulantes em dois grupos: (1) aqueles que "passaram raspando", com pontuações logo abaixo do limite que recebeu financiamento e (2) os que "fizeram o suficiente", cujas pontuações estavam logo acima desse limite.

Os pesquisadores então consideraram quantos artigos cada grupo publicou, em média, nos próximos 10 anos, e quantos desses trabalhos se tornaram sucesso, conforme determinado pelo número de citações que esses artigos receberam.

A análise revelou que os cientistas do grupo "passou raspando" recebeu menos financiamento, mas publicou número similar de artigos, e mais artigos de sucesso (6,1% a mais), do que os cientistas do grupo "fizeram o suficiente".

A pesquisa não contradiz o Efeito Mateus, mas sugere um caminho complementar para aqueles que experimentaram um fracasso inicial.

"Há valor no fracasso", disse Dashun Wang. "Nós já começamos a expandir essa pesquisa para um domínio mais amplo e estamos vendo sinais promissores de efeitos semelhantes em outros campos".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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